Alcançando a Graça do SENHOR

A graça, o favor do SENHOR permeia toda a Sua criação; mesmo desde antes do princípio ela já era perceptível por meio do Cordeiro sem mácula que já era conhecido (1 Pedro 1:20), que foi morto desde o princípio (Apocalipse 13:8) e manifestado na plenitude do tempo (Gálatas 4:4) para salvação de todos os homens (Tito 2:11).

Sendo assim nós vemos uma atuação ativa e presente dessa graça em um crescente de manifestação e revelação desde o princípio dos tempos e que alcança a sua plenitude em Cristo sendo então superabundante … graça esta que nas Escrituras é apresentada na alegoria de um rio (de graça e favor) que flui desde os milênios iniciais da criação, alcançando o seu pico no final do quarto milênio da história humana, na cruz de Cristo, segundo as Escrituras; e sendo assim representado no rio de Ezequiel 47 que começa como um rio de águas pelos tornozelos, no primeiro milênio, até chegar a um rio que não se podia atravessar, porque as águas de graça tinham crescido … águas profundas de graça que se deviam passar a nado e que trazem restauração e vida aos homens (representados no texto como árvores nas margens e como peixes no rio).

Nisso muitos ainda se questionam …, então como posso saber que alcançamos essa Graça diante de Deus?! Uma resposta clara a essa pergunta é vista em detalhes ainda muito antes de Cristo; curiosamente logo após a entrega da Lei no Sinai, como se pode perceber neste diálogo entre Deus e Moisés …

Pois como se há de saber que achamos graça aos Teus olhos, eu e o Teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o Teu povo, de todos os povos da terra? Disse o SENHOR a Moisés: Farei também isto que disseste; porque achaste graça aos Meus olhos, e Eu te conheço pelo teu nome.” (Êxodo 33:16,17)

Observando esse diálogo podemos concluir que você sabe que encontrou Graça diante de Deus quando o SENHOR anda conosco, em nosso meio, quando o Seu Espírito habita em nós, quando somos separados para Deus ( tornados santos, “chamados para fora” ) dentre os demais povos da Terra e quando o SENHOR nos conhece pelo nome, ou seja, quando temos um relacionamento pessoal com Deus.

Tudo isso, já comunicado para Moisés e o povo de Israel ainda no Êxodo, cumpre-se em sua plenitude por meio de Cristo, onde a Sua morte e ressurreição nos permite “nascer do Alto”, tendo agora o Espírito de Deus habitando em nós, sendo justificados e separados como povo Santo ao SENHOR e com nossos nomes individualmente escritos no Livro da Vida!

As Escrituras são harmônicas ao apresentar a Graça ao homem, desde o Pentateuco até o último livro de Revelação … a Graça veio gradativamente se apresentando desde o início dos tempos até superabundar por meio de Cristo e encher todas as coisas (Efésios 4:8-10). Não por acaso o último livro e capítulo das Escrituras afirmam …

O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida. … A graça do Senhor Jesus seja com todos!” (Apocalipse 22:17,21)

Seja você também agraciado pelo SENHOR por meio de Cristo!

Que o SENHOR lhe abençoe grandemente! 🙏❤️

Conhecendo ao SENHOR de forma mais abrangente

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Vivemos um tempo onde a distorção e os extremos parecem ser, em muitas igrejas e púlpitos, mais a regra do que a exceção. Alguns elevaram atributos ao nível de deidade, porém o verdadeiro Deus é muito mais do que apenas um de Seus muitos atributos. Podemos dizer que Deus É amor, mas não podemos dizer que o amor é Deus, da mesma forma podemos dizer que Deus É santo, mas santidade não é Deus … Deus é infinitamente maior do que apenas um de Seus muitos atributos perfeitos!
 
Entre os extremos atuais, dois são comuns … um extremo enxerga apenas que Deus É amor e outro extremo que Deus É somente santo ( um extremo flerta perigosamente com a libertinagem e o outro extremo flerta perigosamente com o legalismo ); porém Deus É tanto amor quanto santo! O problema é querer se deter ou focar apenas em um de Seus muitos atributos e papéis e desconsiderar os demais tratando-os como “secundários”. É como se, dentro de um mosaico infinito de cores, ficássemos restritos apenas ao vermelho ou ao azul, enquanto que a composição da realidade é infinitamente mais abrangente … e bela, diga-se de passagem!
 
Uma abordagem realista precisa abranger uma gama muito maior dentre os atributos revelados nas Escrituras e fazer inferências sobre as interdependências entre eles de uma forma bem mais abrangente à luz da Bíblia. Claro que estes dois atributos, amor e santidade ( assim como justiça e misericórdia ), quando vistos de forma conjunta trazem um equilíbrio na vida cristã muito maior do que quando observados separadamente ( vide Romanos 11:22 ); e isso nos dias atuais já é por si algo superior ao que se é visto em algumas igrejas e em seus púlpitos, mas está longe de pintar um quadro com cores mais vivas segundo é a realidade.
 
Dessa forma, buscando ser mais realista, eu vou colocar aqui uma gama maior dos atributos e atribuições de Deus que pode ajudar-nos a ser ainda mais equilibrados quando analisamos os mesmos no Ser do SENHOR e que se refletem em nossas vidas de muitas formas! … Eu peguei por alto uma relação apenas do Novo Testamento para que se observe que isso vai bem além dos conhecidos atributos de amor e santidade … não é uma lista exaustiva do Novo Testamento, pois alguns ficaram de fora; isso sem falar em todo o Antigo Testamento ( Rei, Oleiro, Pai, Redentor, Salvador, Pastor, Provedor, Paz, etc … ) …
 
“Deus É o único SENHOR!” (Marcos 12:29)
“Deus É verdadeiro” (João 3:33)
“Deus É espírito” (João 4:24)
“Deus É um só” (Romanos 3:30) (Gálatas 3:20)
“Deus É a vida eterna em Cristo Jesus” (Romanos 6:23)
“Deus É poderoso” (Romanos 11:23)
“Deus É fiel” (1 Coríntios 10:13) (2 Coríntios 1:18)
“Deus É o arquiteto e edificador” (Hebreus 11:10)
“Deus É fogo consumidor” (Hebreus 12:29)
“Deus É luz” (1 João 1:5)
“Deus É amor” (1 João 4:8) (1 João 4:16)
 
“Ele É benigno até para com os ingratos e maus” (Lucas 6:35)
“Ele É bom” (João 7:12)
“Ele É o amém” (2 Coríntios 1:20)
“Ele É a nossa paz” (Efésios 2:14)
“Ele É antes de todas as coisas” (Colossenses 1:17)
“Ele É a cabeça do corpo, da igreja” (Colossenses 1:18)
“Ele É o princípio, o primogênito de entre os mortos” (Colossenses 1:18)
“Ele É o cabeça de todo principado e potestade” (Colossenses 2:10)
“Ele É poderoso” (2 Timóteo 1:12)
“Ele É o mediador de uma nova aliança” (Hebreus 9:15)
“Ele É longânimo” (2 Pedro 3:9)
“Ele É fiel e justo” (1 João 1:9)
“Ele É a propiciação pelos nossos pecados” (1 João 2:2)
“Ele É justo” (1 João 2:29) (1 João 3:7)
“Ele É puro” (1 João 3:3)
“(Ele) É Legislador e Juiz” (Tiago 4:12)
 
“Eu Sou” (Marcos 14:62) (João 8:24) (João 8:28) (João 8:58) (João 13:19)
“Eu Sou o pão da vida” (João 6:35) (João 6:48)
“Eu Sou o pão vivo” (João 6:51)
“Eu Sou a luz do mundo” (João 8:12)
“Eu Sou a porta das ovelhas” (João 10:7)
“Eu Sou a porta” (João 10:9)
“Eu Sou o bom pastor” (João 10:11) (João 10:14)
“Eu Sou a ressurreição e a vida” (João 11:25)
“Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6)
“Eu Sou a videira verdadeira” (João 15:1,5)
“Eu Sou o Deus de teus pais” (Atos 7:32)
“Eu Sou santo” (1 Pedro 1:16)
“Eu Sou o alfa e o ômega” (Apocalipse 1:8) (Apocalipse 21:6) (Apocalipse 22:13)
“Eu Sou o primeiro e o último” (Apocalipse 1:17) (Apocalipse 21:6) (Apocalipse 22:13)
“Eu Sou aquEle que sonda mentes e corações” (Apocalipse 1:8)
“Eu Sou a raiz e a geração de Davi, a brilhante estrela da manhã” (Apocalipse 22:16)
 
No momento em que se conseguir ir além dos paradigmas “santo” e/ou “amor” e se começar a avaliar não unicamente um ou outro, mas entenderem essa abrangência considerável de vários atributos e papéis que se inter-relacionam e impactam as nossas vidas de muitas formas ( seja para com o injusto ou o justo ) e que, por nossas escolhas ( e/ou situação de vida ), acabaremos conhecendo mais a um atributo do que a outro em determinados momentos, porém devemos espelhar TODO o caráter de Deus em nós, dentro do que nos é possível por meio do Espírito Santo segundo à imagem do Filho … então assim teremos enfim começado a conhecer, compreender, discernir e saber por experiência e em intimidade quem É o SENHOR ( vide Jeremias 9:23,24 ) …, inclusive este que vos escreve.
 
Que o SENHOR lhe abençoe!!! 🙏🖖

Purifiquemo-nos …

O que Paulo busca exortar quando escreve …

purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.” (2 Coríntios 7:1)

Para compreender melhor, antes vamos analisar dois termos usados nesse texto e a forma como são utilizadas:

– o termo “purifiquemo-nos” usa a palavra grega καθαριζω “katharizo” que significa: tornar limpo, limpar de mancha, livrar da contaminação do pecado.

– o termo “impureza” usa a palavra grega μολυσμος “molusmos” que significa: contaminação [pelo pecado].

Quando Paulo faz essa admoestação: “purifiquem-nos”, ele está fazendo uso do que é conhecido na gramática grega como “subjuntivo exortativo ( volitivo )”, uma forma comumente usada para exortar a si mesmo ou a alguém associado e é utilizada “para chamar alguém a unir-se com o emissor, no caso Paulo, em um curso de ação sobre o qual ele já tem decidido”. Sendo assim, Paulo estava exortando a igreja para seguir a mesma prática que ele já empregava sobre si mesmo, pois muitas vezes Paulo recomenda que eles o deveriam imitar da mesma forma como Paulo imitava a Cristo ( vide 1 Coríntios 11:1 ).

Agora o contexto nos ajuda a entender sobre quais contaminações do pecado a que se refere. Observando os textos de 2 Coríntios 6:14-18, Paulo lembra que todo cristão é agora o Templo do Espírito Santo, ou seja, o Espírito Santo habita em nós ( vide também 1 Coríntios 3:16,17 e 1 Coríntios 6:15-20 ) e sendo assim Paulo nos exorta contra os pecados da imoralidade sexual ( por isso o uso do grego πορνευω “porneuo”, que remete a fornicação, adultério, pornografia e outros pecados de natureza sexual ilícita ) e da idolatria … pecados esses muitos comuns na época devido a cultura pagã existente, mas não tão distinto do que vemos hoje também em nossos dias.

Quanto a carne, Paulo escreve que “aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo” (1 Coríntios 6:18b) e isso fala diretamente da impureza contra a carne. Assim como quando duas pessoas se unem sexualmente e se tornam uma só carne, nós somos um espírito com o SENHOR visto que estamos unidos a Ele; dessa maneira todo pecado que atenta contra o corpo, também atenta contra o Templo do Espírito Santo e por isso está escrito …

Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao SENHOR é um espírito com Ele. Fugi da impureza.” (1 Coríntios 6:16-18)

A idolatria é também uma forma de prostituição, visto que temos apenas um SENHOR e estamos unidos e comprometidos com Ele, no momento em que um ídolo toma o lugar do SENHOR é como se um adultério estivesse ocorrendo, mas nesse caso não na carne, mas no âmbito espiritual. Por isso o contexto de 2 Coríntios 6:14-18 enfoca o problema do cristão querer viver como que “em sociedade da justiça com a iniquidade”, “em comunhão da luz com as trevas” … e por isso a pergunta de Paulo “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” ( 2 Coríntios 6:16 ).

Não por acaso Paulo também escreve …

Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra … porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o Seu Espírito Santo.” (1 Tessalonicenses 4:3,4,7,8)
 
Em suma, como somos Templo do SENHOR e Ele habita em nós por meio de Seu Espírito, somos instados a viver uma vida santa ( vide 1 Pedro 1:15,16 ) e isso em todo o nosso ser … corpo, alma e espírito ( uma inferência indireta as três áreas do Tabernáculo: Pátio, Lugar Santo e Lugar Santíssimo ) … por isso as ênfases contra o pecado da imoralidade e da idolatria ( e vale lembrar que há múltiplas formas de imoralidade e múltiplas formas de idolatria que não apenas de ídolos de madeira ou barro, também a avareza é chamada de idolatria em Colossenses 3:5 ); pecados estes que contaminam o corpo e se estendem até o espírito; por isso está escrito …
 
O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Tessalonicenses 5:23)
 
Essa busca pela santidade é um processo que é aperfeiçoado por meio do temor do SENHOR ( 2 Coríntios 7:1b ) e requer a nossa ação direta, porém não de forma solitária e por nossas forças somente, do contrário iremos fracassar; esse processo requer a nossa ação por meio da força do Espírito Santo que nos capacita e educa, visto que de Deus somos cooperadores e não devemos assim receber a graça de Deus em vão ( vide 2 Coríntios 6:1 ), como também está escrito …
 
Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2:11,12)
 

Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Romanos 8:13,14)

Que o SENHOR lhe abençoe! 🙏🖖

Fé Genuína

A fé genuína ( em hebraico אֱמוּנָה, emunah ) tanto “vê o que é invisível” ( 2 Coríntios 4:18, “não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” ) quanto compreende que a forma atual deste mundo passará” ( 1 Coríntios 7:31 ). Observe pela figura deste artigo que o termo “emunah” pode descrever tanto crença quanto fidelidade/firmeza, por isso que no hebraico a primeira menção do termo ocorre em Êxodo 17:12 quando fala das “mãos firmes ( ‘emuwnah )” de Moisés e por isso que no termo correlato grego, que é pistis “πιστις”, na relação das virtudes de Gálatas 5:22, algumas versões bíblicas colocam “” e outras “fidelidade” como sendo a virtude mencionada, visto que no grego o termo possui significados similares ao hebraico.

O que isso implica é que a fé verdadeira não reflete unicamente uma crença ou convicção de verdade “vazia” em si mesma, ou seja, uma fé genuína reflete firmeza e fidelidade àquilo que se crê. A manifestação de uma fé verdadeira começa por uma crença, uma convicção da verdade de algo, e porque essa convicção é real, naturalmente seguem-se ações que demonstram firmeza e/ou fidelidade ao que se acredita. Em termos bíblicos, esse conceito pode ser observado nos ditos de Tiago … “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” ( Tiago 2:17 ).

Dessa forma, a fé verdadeira vai além de uma mera “crença” vazia, ela necessariamente é seguida por ações de fidelidade, firmeza e confiança que confirmam a sua crença original e assim ela descansa na mão providencial de Deus sobre o caos e o fluxo da criação. Os olhos da fé contemplam a presença de Deus e o Seu reinado sobre todos os assuntos deste mundo. Na verdade, é apenas através da fixação de nossa esperança sobre o que é eterno que nós somos capazes de apreender, com a devida razão, a natureza do próprio mundo temporal. Na verdade, a palavra emunah ( אֱמוּנָה ) compartilha da mesma raiz que a palavra hebraica para verdade ( אֱמֶת, emeth ), isso reitera que a “fé verdadeira” é confirmada pela fidelidade e firmeza à crença que a originou.

Nesse sentido “ver pelos olhos da fé“, “ver o que é invisível” é um tipo mais fundamental de “visão“, já que a fé percebe além do que se pode enxergar com os olhos naturais, ela se baseia na verdade da Palavra de Deus para poder “ver” o que é eternonossa esperança descansa naquEle que nos é “invisível”, o nosso Pai Celeste, o qual Se revelou através do Seu Filho e que testifica essas verdades em nosso espírito através do Seu Espírito que agora em nós habita.

Louvado seja o SENHOR!!! 🙏❤️

Uma Pergunta, Um Lamento que Suscita Uma Resposta

Em vez de considerar a Bíblia apenas como um “Livro de Respostas” para as nossas perguntas, vale a pena pensar nela também como um “Livro de Perguntas” para as nossas respostas. Eu explico … quando nós a ouvimos, Deus nos questiona para que possamos conhecê-lO por meio do diálogo que ocorre dentro de nossas mentes e corações.

Como qualquer bom professor sabe, quando um estudante luta fervorosamente com uma pergunta, ele aprende ainda mais do que se lhe fosse dada uma resposta clara. Da mesma forma, o SENHOR nos permite ficarmos, por vezes, sem respostas claras para que possamos então estar livres para buscar, lutar, e “alcançar” o entendimento e a compreensão por meio de nosso relacionamento com ELE … assim, o nosso aprendizado será baseado em uma experiência real, substantiva e nascida da urgência de nossa própria necessidade interior.

Não é segredo algum que perguntas bem elaboradas e de qualidade por si só já indicam o caminho para uma resposta correta … um exemplo claro disso você pode observar nas pesquisas do Google, onde a qualidade da resposta que se procura está diretamente relacionada a qualidade dos termos usados para definir a busca que é feita … quanto melhor a escolha dos termos e da pergunta, melhor o resultado alcançado.

Na verdade, a primeira pergunta de Deus para o homem é sempre, em hebraico: אַיֶּכָּה ” ayekah “; “Onde você está?” ( vide Gênesis 3:9 ), a qual apela para reconhecermos como nós nos escondemos da verdade, que é o próprio SENHOR. “Onde está você?” é o chamado pungente do Pai buscando por seu filho perdido … e não deixa de ser importante você saber também que o termo em hebraico para essa pergunta … אַיֶּכָּה ” ayekah “; “Onde você está?”também pode ser compreendida como um grito de lamento, como pode ser visto em Lamentações 1:1, 2:1, 4:1 ( onde o termo com as mesmas letras no hebraico: אֵיכָה֙ ” ’êḵāh ; expressa um lamento de profunda dor: “Ahhh, ai … ai … ai …, como?!” ). O mesmo termo usado como pergunta por Deus de onde estava o homem, também é o mesmo termo que denota a tristeza de um Pai que entende a gravidade do que ocorreu e, em meio a uma dor e angústia lancinantes, devido a queda do homem e o seu pecado. Um grito de dor e lamento pela loucura que cometeu o seu filho ( Adão ), profundamente amado, que então expressa “Ai, ai, ai!!! Como?! Por que Adão?!”.

Quando entendemos isso em toda a sua abrangência e ouvimos o lamento e o questionamento de nosso Pai celeste, percebemos o quanto somos amados e então essa questão se torna “apropriadamente nossa“…, quando estamos dispostos a olhar como viemos a estar neste lugar atual de dor e desespero de nossas vidas e nos pegamos nos perguntando: “Que loucura eu fiz?! Onde estou e como cheguei aqui?!”, é porque estamos próximos da resposta e da solução. A pergunta e o profundo lamento de Deus que ecoa ao nosso coração é para nos levar para fora do “nosso esconderijo” para responder ao Seu chamado de amor por meio de Seu Filho, pois em Deus está a solução, a cura, a salvação e a redenção de que precisamos desesperadamente, como está escrito …

De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” (Jeremias 31:3)

Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.” (2 Coríntios 7:10)

Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o SENHOR, nosso Deus, chamar.” (Atos 2:38-39)

Ouça a Palavra de Deus e responda hoje ao chamado de amor eterno do SENHOR, encontre a redenção por meio de Cristo e seja grandemente abençoado!!! 🙏❤️

Juízo de Deus no Tempo da Graça

… se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus por meio desse nome. Porque o tempo de começar o juízo pela casa de Deus é chegado; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” (1 Pedro 4:16,17)

Se Deus não executa juízo, um julgamento condenatório no chamado “período da graça” como afirmam alguns, estes então deveriam avisar a Pedro que seu entendimento e afirmação nas Escrituras está errado, visto que Pedro afirma que o juízo teve seu início desde o período da igreja primitiva e, como o tempo do verbo em questão “toρξασθαι” está no aoristo infinitivo, isso indica que o juízo é um processo que apenas começara naquele tempo e que só culminaria em seu ápice futuramente, com a Segunda Vinda de Cristo. Isso denota que este processo ainda está vigente, operando em múltiplos níveis, atos e ciclos ( como nos anos Shemitah, por exemplo ) segundo a vontade do SENHOR, num processo crescente que deve culminar no Dia do SENHOR, por isso que esse texto de Pedro parece inferir Ezequiel 9 e culmina dizendo …

E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador? ( aqui uma citação de Provérbios 11:31 entendida no contexto como ainda vigente e ocorrendo ) Por isso mesmo, aqueles que sofrem de acordo com a vontade de Deus devem confiar sua vida ao seu fiel Criador e praticar o bem.” (1 Pedro 4:18,19)
 

Em vista dessa assertiva de Pedro, podemos inferir que sim, o processo de juízo e/ou julgamento condenatório de Deus já opera em algum nível, incluindo e começando pela igreja ( a “casa de Deus”, uma referência ao Templo composto por “pedras vivas” ) e consequentemente abarcando aos ímpios no decorrer do processo. Essa assertiva de Pedro acaba por concordar com Paulo, quando este escreve …

quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1 Coríntios 11:32)

Exceto alguém queira ousada e arrogantemente dizer que Pedro errou em sua interpretação dos fatos; visto que para Pedro a perseguição ainda nos primórdios da igreja, durante o seu tempo, era um claro indicativo desse processo; do juízo de Deus que já estava em andamento. Se assim o era no primeiro século, por que não o seria nos períodos posteriores também o mesmo ser executado segundo a vontade do SENHOR?! Ainda mais porque o fim desse processo é esperado apenas com os eventos que abrangem a volta do SENHOR.

Este texto de Pedro é apenas mais um exemplo de execução de juízo ocorrendo durante o “período da graça”, e ainda mais sobre a casa de Deus, a exemplo do que também é observado no que tange o caso de Ananias e Safira, porém o Novo Testamento também mostra execução de juízo sobre ímpios da mesma forma, como também está escrito …

Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz de um deus, e não de homem! No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou.” (Atos 12:21-23)

Tudo isso apenas denota que muitos nos tempos atuais, por não entenderem como Deus opera e ainda interage entre os homens, acabam fazendo afirmações que não coadunam com os relatos e textos das Escrituras, tal como afirmar que após a cruz não há juízo, exceto para o Dia para isso reservado que envolve os eventos da volta do SENHOR, porém estes não entendem nem a disciplina que Deus executa sobre os Seus filhos ( vide Hebreus 12:5-13 ) e nem o juízo de Deus que abrange a casa de Deus e os ímpios ( que não obedecem ao evangelho de Deus ) como bem já ressaltava o apóstolo Pedro inspirado pelo Espírito Santo …; e isto nesse tempo do evangelho, das boas-novas que começou com a morte e ressurreição de nosso SENHOR.

Alguns, ao invés de conhecerem a Deus e Suas ações de forma abrangente e já revelada nos textos, acabam por delimitar Deus por apenas um de Seus muitos atributos e com isso incorrem em enganos e distorções e, infelizmente não o fazem apenas para si mesmos, mas disseminam esses mesmos erros e distorções entre os seus seguidores.

Não é por acaso que vivemos tempos complicados, afinal esta era caminha para seu desfecho e ainda hoje esse texto permanece atual …

O Meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” (Oséias 4:6a)

Que o SENHOR lhe ilumine e abençoe ricamente! 🙏❤️

O Cântico dos Cânticos e a Intimidade com o SENHOR

O livro de Cântico dos Cânticos, devido a sua natureza e linguagem, é bem pouco explorado em estudos, sermões e até mesmo em artigos de teologia. Não é comum ver grupos de estudo nas igrejas ou seminários fazendo análises ou aulas demoradas sobre este livro. Entretanto, quando lemos a importante e enfática advertência do apóstolo Pedro registrada em 2 Pedro 1:20 que diz: “sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular interpretação“, nós entendemos que as Escrituras possuem muitas camadas de revelação. Portanto, em relação ao conteúdo do livro de Cântico dos Cânticos, assim também o é das mais variadas formas e aqui eu vou fazer uma breve análise sobre um de seus aspectos, dentro de suas múltiplas camadas de revelação, enfocando o seu vínculo e simbologia que tipifica a união do SENHOR com o Seu povo, de Cristo com a Sua Igreja.

Primeiro é importante entender que, quando o SENHOR disse: “E Me farão um santuário, para que Eu possa habitar ( שׂכנּ “shakan” ) no meioתוךְ “tavek” ) deles” (Êxodo 25:8), no Sinai o SENHOR já definiu de uma forma cifrada o Seu profundo e extenso propósito, pois os termos usados para “habitar no meio” em hebraico são שׂכנּshakan” e תוךְtavek“, respectivamente, que denotam também pelos seus muitos significados “fazer morada dentro” de cada um, tal como ocorre em nós hoje por meio da Nova Aliança onde Espírito do SENHOR habita em cada um de nós.

É importante entender que o SENHOR não deseja simples e unicamente que O obedeçam, o que Ele busca em cada um de nós é algo muito além disso, o SENHOR deseja se relacionar de forma íntima com cada um de nós … obedecer é apenas um dos muitos aspectos de um relacionamento profundo. Em vista disso, não é por acaso que a palavra que o SENHOR escolheu no texto citado de Êxodo é שׂכנּshakan“, pois ela vem da raiz שׂכבshakab” que significa “deitar, no sentido de se ter relações sexuais“, ou seja, o SENHOR expressa em Êxodo que o Seu intuito não é simplesmente habitar entre a Sua criação, mas de ter uma relação de tal maneira íntima com cada um de nós que, por tipologia, é comparável ao relacionamento sexual entre um casal, ou seja, o maior nível de intimidade possível onde dois se tornam um ( vide Gênesis 2:24 ). É por essa razão que a tipologia do casamento de Deus com Israel é tão recorrente nas Escrituras ( vide Jeremias 31:32 ), assim como o seu reflexo no Novo Testamento por meio do casamento de Cristo com a Igreja ( vide Apocalipse 19:7-9 ). E também por isso a linguagem visceral observada em Cântico dos Cânticos se aplica tão adequadamente a essa representação, como poderá ver nesse exemplo a seguir …

O meu amado é para mim um saquitel de mirra, posto entre os meus seios. Como um racimo de flores de hena nas vinhas de En-Gedi, é para mim o meu amado. Esposo: Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas. Esposa: Como és formoso, amado meu, como és amável! O nosso leito é de viçosas folhas, as traves da nossa casa são de cedro, e os seus caibros, de cipreste” (Cântico dos Cânticos 1:13-17)

A união com Deus por meio de Cristo é a grande promessa e o propósito culminante de toda a Bíblia ( vide o meu artigo anterior sobre esse tema, aqui ). Mas a que devemos comparar esta união?! Deus apareceu a Moisés em uma chama de fogo na sarça ardente e conduziu Israel através do deserto por uma coluna de fogo. Ele acendeu as almas de Seu povo com línguas de fogo no Pentecostes ( Atos 2:3 ) e apareceu ao Apóstolo João com olhos como chamas de fogo ( Apocalipse 1:14 ). Não há absolutamente nada desapaixonado sobre Deus na Bíblia. Não há limites para o amor ardente que Ele tem por nossas almas, como Ele provou com absoluto e indescritível amor ao dar o Seu Filho na Cruz. Em termos naturais, o Cântico dos Cânticos é um romance desenfreado e explicitamente erótico entre o rei Salomão e a sua noiva, repleto de gritos de alegria e deleite sensual.

A teologia reformada em algumas de suas correntes, devido ao seu método por vezes deficiente de interpretação, centrado muitas vezes apenas na literalidade dos textos, acaba por não enxergar toda a revelação que o Cântico dos Cânticos possui e os seus vínculos com os demais livros da Bíblia, em particular com Apocalipse. Pois o livro declara o amor de Deus de um modo que poucos homens ou mulheres poderiam deixar de apreciar porque toca, com imagens físicas viscerais, o mais intenso e universal de todos os nossos desejos – dar e receber amor.

Deus escolheu esta imagem para evocar os mais profundos sentimentos que Ele mesmo colocou em nós quando nos criou “à imagem de Deus … macho e fêmea” (Gênesis 1:27). No livro de Cântico dos Cânticos, Deus Se revela como o Amante de nossas almas e nos conduz como o nosso Amado Pastor aos “altos” da Escritura por meio de analogias, alegorias, metáforas e tipologias, mostrando-nos o real caminho para o cumprimento do primeiro e maior mandamento: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Deuteronômio 6:5). É para isso que nós fomos criados … o SENHOR deve ser o amor consumidor de nossos corações, porque este é o propósito consumado de nossa criação.

O título do livro “Cântico dos Cânticos” vem de seu primeiro verso … “Cântico dos cânticos de Salomão” (Cântico dos Cânticos 1:1) … e sua construção e forma expressam a sua excelência superior como a melhor de todas as canções. Construções semelhantes são usadas em títulos como “Rei dos reis e Senhor dos senhores” para denotar a suprema soberania de Cristo ( vide Apocalipse 19:16 ) e “Santo dos Santos” para denotar a parte mais sagrada do Templo. Este último aparece freqüentemente nas descrições do Canto Divino, sendo o mais antigo do primeiro século quando Rabi Akiva defendeu a sua inclusão no cânon, dizendo:

O universo inteiro é indigno do dia em que o Cântico dos Cânticos foi dado a Israel. Porque todos os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o Santo dos Santos.

Dezoito séculos depois, Charles Haddon Spurgeon, o “príncipe dos pregadores” na Inglaterra do século XIX, usou a mesma linguagem em seu sermão “Um Feixe de Mirra” no qual ele explicou que …

assim como no Templo um véu bloqueava a entrada para o Santo dos Santos, assim há um véu sobre os olhos de todos que se aproximam da Canção Divina despreparados, seja por meio de imaturidade espiritual ou por meio de descrença.

Não por acaso, há um vínculo entre o livro de Cântico dos Cânticos com o livro de Apocalipse, pois Apocalipse trata dos eventos que levam a consumação final do casamento de Cristo com a Sua Igreja e você pode perceber termos comuns que ecoam em trechos similares e comparáveis, como nesses exemplos abaixo:

CÂNTICO DOS CÂNTICOS de Salomão. Esposa: Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho. Suave é o aroma dos teus ungüentos, como ungüento derramado é o teu NOME; por isso, as VIRGENS te amam. LEVE-ME COM VOCÊ! Vamos depressa!” (Cântico dos Cânticos 1:1-4a) Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com Ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o Seu NOME e o NOME de Seu Pai. Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão; também a voz que ouvi era como de harpistas quando tangem a sua harpa. Entoavam NOVO CÂNTICO diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. E ninguém pôde aprender o CÂNTICO, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. São estes os que não se macularam com mulheres, porque são VIRGENS. São eles os SEGUIDORES DO CORDEIRO POR ONDE QUER QUE VÁ.” (Apocalipse 14:1-4a)
Esposa: Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a VOZ DO MEU AMADO, que está BATENDO: Esposo: ABRE-ME, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha” (Cântico dos Cânticos 5:2a) Eis que estou à porta e BATO; se alguém ouvir a MINHA VOZ e ABRIR a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, Comigo.” (Apocalipse 14:1-4a)
O MEU AMADO É MEU, E EU SOU DELE; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.” (Cântico dos Cânticos 2:16) O vencedor herdará estas coisas, e EU LHE SEREI DEUS, E ELE ME SERÁ FILHO.” (Apocalipse 14:1-4a)

Eu poderia acrescentar muitos outros paralelos e similaridades, tais como os selos, as juras de amor, o casamento, entre outros, mas acredito que o meu ponto já está devidamente colocado.

Enfim, o livro de Cântico dos Cânticos possui muita riqueza para nos ensinar, desde os nossos relacionamentos conjugais até o nosso relacionamento com o SENHOR e isso em grande profundidade, além de vários outros aspectos proféticos e simbólicos que estão cifrados em todo o texto. Espero que você olhe para esse livro agora com outros olhos … olhos atentos, curiosos e de discernimento diante dos textos.

Que o SENHOR lhe ilumine e abençoe! 🙏❤️