Números nas Escrituras sempre apontam para algum significado superior além do seu próprio valor, pois nada em seus textos é obra do acaso, em tudo há um design … e cada letra, palavra e frase esconde muito mais do que está na superfície. Na verdade, sempre que eu leio um texto das Escrituras, nunca deixo de esquecer a valiosa recomendação do apóstolo Pedro …
“sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular interpretação” (2 Pedro 1:20)
Isso significa que nunca um texto nas Escrituras aponta para uma única mensagem, mas sim para o fato de que o SENHOR esconde em cada texto uma variedade múltipla de informações … basta se estar disposto a “garimpar” com afinco para se encontrar as muitas “pedras preciosas” escondidas dentro de um texto. Até mesmo quando se estuda genealogia, algo que parece não trazer tanta riqueza de informação, há na verdade sempre algo além do que informa o texto, pois cada nome nas Escrituras possui um significado e isso nos “fala” sempre mais do que o que está aparente ( você pode ver isso no artigo que escrevi sobre as mensagens escondidas nas genealogias, aqui ).
Observando tudo isso, não é irrelevante o fato de as Escrituras mencionarem muitas vezes o número 430, o que denota mais uma vez que isso tem muitas outras ramificações quando estudado com mais detalhes … aqui neste artigo eu vou abordar apenas alguns poucos deles.
Sobre o Êxodo do Egito, o qual imediatamente precedeu a recepção da Lei de Deus, a Torah, nos fornece um exemplo apropriado da precisão inerente das obras do SENHOR e o seu vínculo ao número 430, como está escrito …
“Ora, o tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. Aconteceu que, ao cabo dos quatrocentos e trinta anos, nesse mesmo dia, todas as hostes do SENHOR saíram da terra do Egito.” (Êxodo 12:40,41)
Observe o grau de exatidão expresso neste verso. Deus especifica que o Êxodo começou após a passagem de exatos quatrocentos e trinta anos … período esse que remete ao tempo da aliança feita entre o SENHOR e Abraão e a sua descendência ( vide Gênesis 12 e 15 ), onde também aparece o significativo número 400 ( número este de que também fiz um estudo sobre o seu amplo e misterioso significado, veja aqui ). Ao cabo desse tempo determinado, Moisés então levou os israelitas ao Monte Sinai, onde o SENHOR fez uma aliança com eles e deu-lhes a Torah, a Sua Lei.
“E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei ( νομος “nomos” ), que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa.” (Gálatas 3:17)
Muitos séculos depois, no livro de Gálatas, o apóstolo Paulo usou esses fatos quando explicou que a aliança, a Lei, que se passara quatrocentos e trinta anos depois, não destruiu a promessa original de justiça, por intermédio da fé, que foi dada a Abraão. A palavra escrita em grego neste verso, traduzida como Lei, é νομος ( “nomos” ), a forma nominativa da palavra padrão para Lei usada em todo o grego do Novo Testamento. Não deixa de ser curioso quando se observa o valor dessa palavra no grego:
Lei ( νομος, “nomos” ), soma das letras -> 50 + 70 + 40 + 70 + 200 = 430
Esta é mais uma evidência indelével de que a mão oculta de Deus guiou o desenvolvimento da história, das Escrituras e consequentemente do alfabeto grego como meio também de revelação ( vide artigo anterior que fala sobre o design dos alfabetos grego e hebraico, aqui ). Os mais céticos podem até alegar que isso é apenas uma “coincidência”, mas o fato é que existe uma gama muito ampla de casos similares de “coincidências” como estas que são ricamente documentadas e mostram estatisticamente que isso não é obra do acaso, mas sim evidência de um design superior em toda a história e formação das Escrituras … eu mesmo escrevi sobre isso em artigos anteriores, mas recomendo também aos que apreciam investigar o tema mais à fundo que leia o vasto trabalho do meu amigo e irmão Moacir Junior, com quem tenho aprendido muito e que tem uma gama de dezenas de milhares de páginas, com evidências dos mais variados tipos, que atestam esse design nas Escrituras. Sobre essa questão do design no grego e no hebraico eu recomendo o artigo que ele publicou em seu estudo “O Código Gênesis – parte 34”, que pode ser acessado aqui.
Esta é mais uma demonstração de que fazer determinados cálculos é uma amostra de sabedoria e entendimento quando se observam as Escrituras em sua enorme abrangência de revelação; como também atesta a própria Escritura no seguinte texto …
“Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número ( αριθμος “arithmos” ) da besta, pois é número ( αριθμος “arithmos” ) de homem. Ora, esse número ( αριθμος “arithmos” ) é seiscentos e sessenta e seis.” (Apocalipse 13:8)
Como explicação extra, a frase grega traduzida em algumas versões bíblicas como “o número de um homem” não tem nenhum artigo definido no grego, portanto a tradução mais precisa é “o número de homem”. Isto é coerente com o significado do número seis como revelado pela criação do homem no sexto dia e a proibição contra o assassinato premeditado que está no sexto mandamento. O número seis é o número do homem.
Voltando ao ponto principal, a palavra que João usou neste verso, traduzido como número, é αριθμος ( “arithmos” ), a forma nominativa da palavra grega padrão usada em todo o Novo Testamento. Esta é a raiz da palavra “aritmética”. Assim, temos uma segunda identidade:
Número ( αριθμος, “arithmos” ), soma das letras -> 1 + 100 + 10 + 9 + 40 + 70 + 200 = 430
Vemos então que “Lei” e “Número” têm a mesma “assinatura” de valor quando calculados de acordo com a estrutura alfanumérica intrínseca do alfabeto grego. Ambos são membros da categoria numérica definida pelo número 430 … e essa não é a única relação, pois quatrocentos e trinta anos fala também do tempo de amadurecimento e completude da descendência de Abraão para enfim tornar-se uma nação apta a receber a Lei do SENHOR e a sua própria terra, como já prefigurava um misterioso texto no meio da genealogia de Gênesis 11 …
“… depois que gerou a Pelegue ( פלג Peleg … divisão ), viveu Héber ( עבר `Eber … “a região dalém de” … עברי Hebreu = “pessoa dalém de” ) quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.” (Gênesis 11:17)
Nesse pequeno trecho da genealogia de Sem, vemos uma frase que simboliza o que ocorreria no futuro, no tempo de Abraão, onde a terra havia sido divida entre os Filhos de Deus em face do episódio da Torre de Babel ( vide também Deuteronômio 32:7-9 ), onde Jacó ( menção ao povo de Israel ) seria a porção do SENHOR entre as nações. Esse versículo da genealogia de Sem prefigurava que a nação dos hebreus ( mesma raiz de Heber como visto acima ), teria alcançado a sua maturidade e completude em filhos e filhas para receber a Lei e a terra após os quatrocentos e trinta anos depois da divisão que ocorreu no tempo em que Abraão foi chamado por Deus … fato esse que é detalhado justamente no capítulo seguinte, em Gênesis 12.
Não deixa de ser significativo que a soma dos algarismos do valor 430 é 7 ( 4 + 3 + 0 ), pois 7 é o número da perfeição divina e fala também de completude … o que mais uma vez também remete à completude do tempo determinado para que a descendência de Abraão alcançasse o número de filhos e filhas necessários para se tornar uma nação madura e completa, dentro do tempo “perfeito” definido pelo SENHOR … e mais uma vez vemos aqui uma evidência de design divino … para entender melhor isso que eu quero demonstrar, veja os textos a seguir …
“Portanto, sede vós perfeitos ( τέλειοι, “teleioi” ) como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5:48)
“Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos ( τέλειοι, “teleioi” ).” (1 Coríntios 14:20)
“Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos ( τέλειοι, “teleioi” ) e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1:4)
Perceba que o termo usado para “perfeitos”, “maduros” ( ou “completos” ) em grego é τέλειοι, “teleioi”, o qual curiosamente tem o valor de … 430 …
Completos, Perfeitos, Maduros ( τέλειοι, “teleioi” ), soma das letras -> 300 + 5 + 30 + 5 + 10 + 70 + 10 = 430
Vemos uma curiosa identidade que une a mensagem bíblica explícita por meio dos valores numéricos intrínsecos do alfabeto grego em conjunção com fatos e tempos determinados nos textos em hebraico das Escrituras. Com isso testemunhamos a natureza eterna de Deus, o nosso Criador, codificando e unindo não apenas as histórias, mas até mesmo os idiomas em que as mesmas foram escritas. O que evidência ainda mais a amplitude da revelação e da riqueza da Palavra do SENHOR, aumentando o nosso entendimento quando lemos que …
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3:16,17)
“A glória de Deus é encobrir as coisas, mas a glória dos reis é esquadrinhá-las.” (Provérbios 25:2)
Ao SENHOR seja toda a Honra e toda a Glória!
Que o SENHOR lhe ilumine e abençoe ricamente!🙏❤