A Islamização da França em 2015

por Soeren Kern

  • Segundo estimativas, 40.000 automóveis são queimados todos os anos na França, uma destruição frequentemente atribuída a gangues muçulmanas rivais. Todos os dias mais de 80 carros são queimados.
  • O diretor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, sugeriu que o número de mesquitas na França seja dobrado nos próximos dois anos. Boubakeur ressaltou que 2.200 mesquitas “não são suficientes” para os “sete milhões de muçulmanos que vivem na França”. Ele preconizou que igrejas ociosas sejam transformadas em mesquitas.
  • O Primeiro Ministro Manuel Valls revelou em abril que mais de 1.550 cidadãos franceses ou residentes na França estão envolvidos em redes terroristas na Síria e no Iraque.
  • “Não podemos conversar sobre assuntos que polarizam opiniões? Se você falar sobre imigração, você é xenófobo. Se você falar sobre segurança, você é fascista. Se você falar sobre o Islã, você é islamófobo”. — Henri Guaino, Parlamentar.
  • “Aqueles que repudiam o comportamento ilegal dos fundamentalistas estão mais propensos a serem processados do que os próprios fundamentalistas que se comportam de maneira ilegal”. — Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional.

O número de muçulmanos na França chegou a 6,5 milhões de pessoas em 2015, ou seja, cerca de 10% de uma população de 66 milhões. Em termos reais, a França conta com a maior população muçulmana da União Européia, seguida pela Alemanha.

Embora a lei francesa proíba a coleta de estatísticas oficiais sobre raça ou religião de seus cidadãos, a estimativa baseia-se em diversos estudos que tentam calcular o número de pessoas na França cujas origens sejam provenientes de países de maioria muçulmana.

Segue uma revisão cronológica dos artigos mais importantes a respeito do crescimento do islamismo na França em 2015.

JANEIRO

1º de Janeiro, o ministro do interior anunciou a estatística mais aguardada do ano: um total de 940 automóveis e caminhões foram incendiados na França na Passagem do Ano Novo, uma redução de 12% em relação aos 1.067 veículos queimados durante o ritual anual do mesmo feriado em 2014. O incêndio de automóveis, comuns em toda a França, são frequentemente atribuídos a gangues muçulmanas rivais, que competem entre si para constatar qual delas atrairá os holofotes da mídia por ter causado a maior destruição. Segundo estimativas, 40.000 automóveis são queimados todos os anos na França.

3 de janeiro. Um muçulmano de 23 anos na cidade de Metz tentou estrangular um policial gritando “Allahu Akbar”! (“Alá é grande!”). O ataque aconteceu em uma delegacia de polícia depois que o homem, que foi preso por ter roubado uma bolsa, pediu ao policial que lhe trouxesse um copo d’água. Quando o policial abriu a porta da cela, o homem pulou em cima dele. O policial foi salvo por um colega que viu a cena em um vídeo de câmera de segurança.

De 7 a 9 de janeiro. Uma série de ataques jihadistas em Paris causou a morte de 17 pessoas. O primeiro desta série de ataques, que foi também o que causou o maior número de mortos, ocorreu em 7 de janeiro quando os radicais islâmicos, naturais da França, Chérif e Saïd Kouachi atacaram a redação da revista Charlie Hebdo a tiros matando oito funcionários, dois policiais, duas outras pessoas, além de ferir mais 11. Em 8 de janeiro, Amedy Coulibaly, o terceiro terrorista que participou dos ataques, abateu a tiros a policial Clarissa Jean-Philippe em Montrouge, um subúrbio de Paris. Em 9 de janeiro, Coulibaly entrou no supermercado kasherHyperCacher em Paris, assassinou quatro pessoas e tomou vários reféns. Coulibaly foi morto quando a polícia invadiu o supermercado. Sua cúmplice, Hayat Boumeddiene, a “mulher mais procurada” da França, continua foragida, acredita-se que ela tenha fugido para a Síria.

Em janeiro último, Amedy Coulibaly (esquerda) assassinou uma policial e quatro judeus em Paris, antes de ser morto a tiros pela polícia. Direita: socorristas levando uma vítima ferida no ataque perpetrado por terroristas islamistas que atiraram em centenas de pessoas que assistiam um concerto, matando 90 delas, no teatro Bataclan em Paris em 13 de novembro de 2015.

18 de janeiro. Uma pesquisa de opinião realizada pelo Institut français d’opinion publique (IFOP), publicada pelo Journal du Dimanche, revelou que 42% dos franceses são contrários à publicação de caricaturas do Profeta Maomé, como aquelas publicadas pelo Charlie Hebdo, indicando, além disso, que acreditam que deveria haver “certos limites em relação à liberdade de expressão online e nas redes sociais”. A grande maioria (81%) dos entrevistados disse que era a favor de cancelar a nacionalidade francesa dos cidadãos de dupla nacionalidade que cometeram atos de terrorismo em solo francês. Mais de dois terços (68%) disseram que cidadãos franceses “suspeitos de terem lutado em países ou regiões controladas por grupos terroristas”, deveriam ser impedidos de retornar ao país.

20 janeiro. o Primeiro Ministro Manuel Valls ressaltou que ataques terroristas expõem um “apartheid territorial, social e étnico” que está atormentando a França. Em um discurso considerado uma das mais expressivas denúncias já proferidas por uma figura de governo contra a sociedade francesa, Valls afirmou que era urgente a necessidade de se combater a discriminação, especialmente nos subúrbios empobrecidos onde residem muitos imigrantes muçulmanos. Ele ressaltou que apesar de anos de esforços do governo para melhorar as condições dos bairros carentes, muitas pessoas foram relegadas a morarem em guetos. Ele acrescentou:

“Faz parte da miséria social a discriminação diária, porque alguém não tem o sobrenome certo, a cor da pele certa ou porque é do sexo feminino. Não estou procurando desculpas, mas temos que encarar a realidade do nosso país”.

21 de janeiro. Valls anunciou um programa de €736 milhões (US$835 milhões) para incrementar as defesas antiterrorismo diante da rápida expansão da ameaça jihadista. Ele disse que o governo irá contratar e treinar 2.680 novos juízes especializados em antiterrorismo, agentes de segurança, policiais, aparelhos de escuta eletrônica e analistas no decorrer dos próximos três anos. O governo também irá desembolsar €480 milhões em novos armamentos e equipamentos de proteção para a polícia. A iniciativa abrange o aprimoramento na presença online baseado em um novo Website do governo chamado “Stop Djihadisme“.

27 de janeiro. A polícia deteve cinco suspeitos de serem jihadistas, com idades entre 26 e 44 anos, em batidas policiais em Lunel, uma pequena cidade na costa do Mediterrâneo. Pelo menos dez, podendo chegar a 20 o número de pessoas da cidade, cuja população é de apenas 25.000 habitantes, que viajaram para a Síria e para o Iraque para lutarem ao lado do Estado Islâmico.

28 de janeiro. Uma pesquisa de opinião realizada pela Ipsos/Sopra-Steria para o jornal Le Monde e Europe 1 Radio constatou que 53% dos cidadãos franceses acreditam que o país está “em guerra” e 51% sentem que o Islã é “incompatível” com os valores da sociedade francesa.

Também em janeiro, trabalhos artísticos retratando sapatos de mulheres sobre tapetes de reza muçulmana foram retirados da exposição no bairro Clichy-la-Garenne de Paris, depois que a Federação das Associações Islâmicas de Clichy alertou que as ilustrações poderiam provocar “incidentes irresponsáveis, impossíveis de serem controlados”. O trabalho artístico realizado pela artista francesa/argelina Zoulikha Bouabdellah, tinha em sua composição sapatos de salto alto posicionados na parte central dos tapetes de reza em sombras azuis, brancas e vermelhas, simbolizando a bandeira francesa. Ela disse que não considerava seu trabalho blasfemante, mas a curadora Christine Ollier ressaltou que a obra será retirada para “evitar polêmicas”. O ato de autocensura recebeu críticas de outros artistas, que salientaram que a liberdade de expressão estava sendo debilitada.

FEVEREIRO

5 de fevereiro. Um professor da única escola religiosa muçulmana financiada pelo estado pediu demissão, alegando que a Averroès Lycée (escola de ensino médio) em Lille era uma incubadora de “antissemitismo, sectarismo e islamismo insidioso”. Em um artigo publicado pelo jornal Libération, a professora de filosofia Sofiane Zitouni ressalta:

“A realidade é que a escola Averroès Lycée é um território muçulmano financiado pelo estado. Ela promove uma visão do Islã que nada mais é do que islamismo. E o faz clandestinamente e às escondidas para continuar recebendo financiamento do estado”.

O diretor da escola, Hassan Oufker, disse que irá processar Zitouni, de descendência argelina, por difamação.

12 de fevereiro. A União dos Democratas Muçulmanos Franceses (L’Union des démocrates musulmans Français, UDMF), um partido político muçulmano recém formado, declarou que começou a botar em campo candidatos nas eleições locais de oito cidades da França. O fundador da UDMF Najib Azergui assinalou que seu grupo deseja dar a sua contribuição à comunidade muçulmana do país: promovendo financiamento islâmico, promovendo o uso do idioma árabe em escolas francesas, trabalhando no sentido de cancelar a proibição em vigor na França do uso do véu nas escolas e lutando contra a “perigosa estigmatização que equipara o Islã ao terrorismo”.

15 de fevereiro. O governo anunciou uma série de medidas destinadas a reprimir o Islã radical que está sendo disseminado nas mesquitas, incluindo a proibição de apoio financeiro de países como o Qatar e a Arábia Saudita. Os muçulmanos franceses são contrários à medida. Karim Bouamrane, um político socialista verbalizou:

“Se países estrangeiros estão se intrometendo a ponto de apoiar mesquitas financeiramente, é porque o governo francês não irá financiá-las. Os muçulmanos não podem correr o risco de recusar dinheiro de fora, porque o governo francês não irá alocar fundos para que os muçulmanos construam mesquitas”.

Bouamrane ressalta que a lei francesa de 1905, que separa o estado da igreja, deve ser alterada para que seja permitido ao estado francês providenciar suporte financeiro ao culto muçulmano.

16 de fevereiro. Nacer Bendrer, um cidadão francês de 26 anos, foi extraditado para a Bélgica pelo papel desempenhado no ataque jihadista cometido em maio de 2014 contra o museu judaico em Bruxelas. Ele é suspeito de ajudar seu compatriota Mehdi Nemmouche, 29, de realizar o ataque no qual quatro pessoas foram assassinadas. Ao ser detido nos arredores de Marselha, Bendrer tinha em seu poder um fuzil automático do tipo Kalashnikov, duas pistolas automáticas e uma escopeta. Consta que Bendrer e Nemmouche se encontraram na prisão em Salon-de-Provence no sul da França entre 2008 e 2010.

23 de fevereiro. Pela primeira vez na história as autoridades francesas confiscaram os passaportes e carteiras de identidade de seis cidadãos franceses que estavam, supostamente, planejando viajar para a Síria com o objetivo de se juntarem ao Estado Islâmico. O governo afirmou que poderia confiscar passaportes de pelo menos mais 40.

25 de fevereiro. O Ministro do Interior Bernard Cazeneuve divulgou um plano para “reformar” a fé muçulmana com o objetivo de adaptá-la aos “valores da República Francesa”. Isso, segundo ele, seria realizado por meio de uma nova “Fundação Islâmica” dedicada a conduzir “pesquisas revigorantes”, para instar uma forma de Islã que “transmita a mensagem de paz, tolerância e respeito”. Entre outras medidas o governo irá criar um novo foro para: promover o diálogo com a comunidade muçulmana, aprimorar o treinamento de pregadores muçulmanos, combater a radicalização em prisões francesas e regulamentar as escolas muçulmanas.

MARÇO

3 de março. O Primeiro Ministro Manuel Valls anunciou que o estado irá dobrar o número de cursos universitários sobre o Islã, em um esforço para evitar que países estrangeiros financiem e influenciem o treinamento de imãs franceses. Valls disse que deseja que mais imãs e capelães nas prisões, que receberam treinamento no exterior, “passem por um treinamento na França para falarem francês fluentemente e entenderem o conceito do secularismo”. Há atualmente seis universidades na França que oferecem cursos de teologia e estudos islâmicos. Valls disse que ele queria dobrar o número para 12 e que os cursos seriam gratuitos.

6 de março. Mohamed Khattabi, o imã “progressista” da Mesquita Aicha em Montpellier, assinalou que o egoísmo faz parte da “natureza das mulheres”. Khattabi, marroquino/canadense que residiu na França por mais de 20 anos, que alega “promover um Islã de coexistência dentro da sociedade francesa”, ressaltou:

“Não importa o quanto de bom você fizer a uma mulher, ela o negará. O egoísmo dela a conduz a negá-lo. Isso vale para todas as mulheres, sejam elas ocidentais, árabes, muçulmanas, judias ou cristãs. Assim é a natureza das mulheres.

“Se uma mulher conseguir controlar sua natureza e reconhecer (a verdade)… Alá concederá a ela uma posição mais alta no paraíso. Contudo, se ela sucumbir à sua natureza e se recusar a aceitar os direitos do homem ou ainda, a bondade que o homem conceder a ela, então estará fadada ao (inferno)”…

8 de março. O Primeiro Ministro Manuel Valls alertou que poderá chegar a 10.000 o número de europeus que estarão participando ativamente da jihad no Iraque e na Síria no final de 2015:

“Hoje já há 3.000 europeus no Iraque e na Síria. Quando se faz uma projeção para alguns meses, se descobre que poderia haver 5.000 antes da chegada do verão e 10.000 antes do final do ano. Vocês se dão conta da ameaça que isso representa”?

16 de março. O Ministério do Interior bloqueou cinco Websites islamistas que, segundo ele, estavam promovendo o terrorismo. Um dos sites bloqueados pertencia ao al-Hayat Media Center, braço encarregado da propaganda do Estado Islâmico. O Ministro do Interior Bernard Cazeneuve ressaltou: “eu faço uma distinção entre liberdade de expressão e disseminação de mensagens que ajudam a enaltecer o terrorismo”. “Essas mensagens de ódio são um crime”. Mas o Comissário de Direitos Humanos da Comissão Européia, Nils Muižnieks, criticou a medida porque ela foi executada sem a supervisão judicial: “limitar os direitos humanos para combater o terrorismo é um grave equívoco, além de ser uma medida ineficaz que pode até ajudar a causa dos terroristas”.

17 de março. O Ministro do Interior Bernard Cazeneuve revelou que o governo interrompeu o pagamento de benefícios de assistência social a 290 jihadistas franceses que estão lutando ao lado do grupo terrorista Estado Islâmico. Ele afirmou que as agências responsáveis pela distribuição dos pagamentos de assistência social estavam sendo notificadas, imediatamente após a confirmação de que um cidadão francês tenha deixado o país para lutar no exterior.

19 de março. O Primeiro Ministro Manuel Valls apresentou um novo projeto de lei que permitirá aos serviços de inteligência monitorar e coletar dados de emails e telefonia de qualquer suspeito de ser terrorista. “São dispositivos legais, não ferramentas de exceção, nem vigilância generalizada dos cidadãos. “Não haverá um Patriot Act francês”, segundo ele, ao se referir à legislação americana que leva o mesmo nome. “Não pode haver zonas sem lei no espaço digital. Nem sempre é possível prever a ameaça, os serviços especializados necessitam ter o poder de agir com rapidez”.

ABRIL

4 de abril. O diretor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, sugeriu que o número de mesquitas na França seja dobrado nos próximos dois anos. Discursando perante uma assembléia das Organizações Islâmicas Francesas no subúrbio Le Bourget de Paris, Boubakeur ressaltou que 2.200 mesquitas “não eram suficientes” para os “sete milhões de muçulmanos que vivem na França”. Ele preconizou que igrejas ociosas sejam transformadas em mesquitas.

7 de abril. O Secretário de Estado para a Reforma do Estado, Thierry Mandon, alegou que a falta de locais “decentes” de culto para os muçulmanos franceses, era parcialmente a razão de alguns deles abraçarem o Islã radical. Ele ressaltou:

“Não há mesquitas suficientes na França. Ainda há muitas cidades onde a fé muçulmana é praticada em condições consideradas não decentes. Somos obrigados a reconhecer que há locais de culto muçulmano sem condições satisfatórias. Se fossem decentes, abertas em vez de subterrâneas e escondidas, seria melhor”.

8 de abril. Hackers alegando pertencerem ao Estado Islâmico atacaram a rede de TV francesa TV5Monde, deixando-a fora do ar no mundo inteiro. A rede transmite em mais de 200 países. “Não temos mais condições de fazer transmissões em nenhum de nossos canais. O diretor geral da transmissora Yves Bigot salientou: não temos mais o controle sobre nossos Websites e sites de redes sociais e, em todos eles o Estado Islâmico está assumindo a responsabilidade”. Os hackers acusam o Presidente François Hollande de ter cometido “um erro imperdoável” ao se juntar à coalizão militar liderada pelos Estados Unidos, realizando ataques aéreos contra as posições do ISIS no Iraque e na Síria.

13 de abril. O Primeiro Ministro Manuel Valls revelou que mais de 1.550 cidadãos franceses ou residentes na França estão envolvidos em redes terroristas na Síria e no Iraque. Esse número praticamente triplicou desde janeiro de 2014.

13 de abril. Uma pesquisa de opinião encomendada pelo Website de notícias Atlantico revelouque cerca de dois terços (63%) dos cidadãos franceses são a favor de restringir as liberdades civis para combater o terrorismo. Somente 33% disseram que eram contrários de terem suas liberdades reduzidas, ainda que essa percentagem tenha aumentado significativamente entre os entrevistados mais jovens.

15 de abril. Um muçulmano de 21 anos destruiu mais de 200 lápides em um cemitério católico em Saint-Roch de Castres, uma cidade perto de Toulouse. A polícia enviou o homem a um hospital porque ele estava “delirando e incapaz de se comunicar”.

22 de abril. A polícia francesa deteve Sid Ahmed Ghlam, um estudante argelino cursando ciência da computação, de 24 anos, suspeito de planejar atacar igrejas cristãs em Villejuif, um subúrbio ao sul de Paris. Ele foi detido, ao que parece, por ter acidentalmente atirado em si mesmo. A polícia encontrou em seu carro e em sua casa três fuzis automáticos Kalashnikov, pistolas, munição e coletes à prova de balas, bem como documentos ligados a al-Qaeda e ao Estado Islâmico. A polícia revelou que Ghlam manifestou desejo de se juntar ao Estado Islâmico na Síria.

21 de abril. Um estudo realizado pelo Observatório da Religião no Local de Trabalho (Observatoire du fait religieux en entreprise, OFRE) e pelo Randstad Institute revelou que 23% dos administradores na França estavam se defrontando corriqueiramente com problemas religiosos no local de trabalho, um salto dos 12% observados em 2014. O Presidente do OFRE Lionel Honoré ressaltou que a tensão religiosa se intensificou a partir de janeiro, porque os muçulmanos que se sentem estigmatizados em virtude dos ataques jihadistas em Paris, estavam se tornando mais assertivos em relação as suas convicções.

MAIO

5 de maio. Sébastien Jallamion, um policial de 43 anos de idade de Lyon, foi suspenso do trabalho e multado em €5.000 (US$5.400) depois de ter condenado a morte do francês Hervé Gourdel, que foi decapitado por jihadistas na Argélia em setembro de 2014. Jallamion deu a seguinte explicação:

“Estou sendo acusado de ter criado em setembro de 2014 uma página anônima no Facebook, que mostrava imagens e diversos comentários polêmicos,discriminatórios e injuriosos, de natureza xenofóbica ou anti-islâmica. Para ilustrar, havia um retrato do Califa al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico, com uma viseira na testa. Essa publicação foi exibida na minha presença perante a comissão disciplinar juntamente com a seguinte acusação: você não se envergonha de estigmatizar um imã dessa maneira? Meu advogado pode confirmar isso… A punição ao que parece é de caráter político. Não consigo ver outra explicação.

“Nossos valores fundamentais, aqueles pelos quais muitos de nossos ancestrais deram a própria vida estão se deteriorando e agora é hora de nos indignarmos diante daquilo em que o nosso país está se transformando. Esta não é a França, país do Iluminismo que em seus dias de glória brilhou sobre toda a Europa e além. Temos que lutar para preservar nossos valores, é uma questão de sobrevivência”.

11 de maio. Sarah K., uma menina muçulmana francesa de 15 anos, de descendência argelina, que tinha sido proibida duas vezes de entrar em sala de aula por usar uma saia preta comprida, foi autorizada a retornar à escola usando uma saia do mesmo tipo. Maryse Dubois, a diretora da escola Léo-Lagrange na cidade de Charleville-Mézières, tinha dito que considerava a saia comprida um flagrante símbolo religioso e uma violação das leis seculares da França. A mãe de Sarah disse que Dubois voltou atrás depois que a notícia do incidente se viralizou pelas redes sociais.

27 de maio. Os líderes de uma pequena mesquita em Oullins, um subúrbio de Lyons, fizeram história jurídica ao fazer uso de uma lei francesa de 1905, que separa a igreja do estado, para impedir um salafista de radicalizar membros da mesquita. A lei dispõe de uma cláusula que garante o direito ao culto e postula sanções contra qualquer um que obstrua o serviço religioso. Um tribunal de Lyons considerou Faouzi Saïdi, 51, culpado por se comportar obstrutivamente ao censurar o imã da mesquita e manter rezas paralelas. Saidi, que foi multado em €1.500 (US$1.640), salientou que seu único crime foi “ser tagarela”. E acrescenta: “não entendo porque fui condenado. Eu pratico o Islã conforme manda o rito”.

JUNHO

4 de junho. O partido de oposição do ex-presidente Nicolas Sarkozy, de cara nova, agora com o nome de “Os Republicanos”, manteve uma reunião sobre a questão do “Islã na França ou Islã da França”, como parte de uma mesa redonda sobre a “crise de valores” na França. Sarkozy ressaltou: “a pergunta não é saber o que a República pode fazer pelo Islã e sim o que o Islã pode fazer para se tornar o Islã da França”.

Grupos muçulmanos criticaram a reunião. “Nós não podemos participar de uma iniciativa como esta que estigmatiza os muçulmanos”, ressaltou Abdallah Zekri, presidente do Observatório Nacional da Islamofobia. O organizador do encontro, o Parlamentar Henri Guaino, discorda: “não podemos conversar sobre assuntos que polarizam opiniões? Se você falar sobre imigração, você é xenófobo. Se você falar sobre segurança, você é fascista. Se você falar sobre o Islã, você é islamófobo”.

6 de junho. O Primeiro Ministro Manuel Valls revelou que mais de 850 cidadãos franceses ou residentes na França viajaram para lutar na Síria e no Iraque. Mais de 470 ainda estão lá e acredita-se que 110 foram mortos em combate.

7 de junho. O Ministro do Interior Bernard Cazeneuve revelou que 113 cidadãos franceses ou residentes na França morreram como jihadistas nos campos de batalha do Oriente Médio. Há 130 processos judiciais em andamento concernentes a 650 indivíduos relacionados ao terrorismo e 60 indivíduos foram proibidos de deixar o país.

7 de junho. Mais de dez membros do Forsane Alizza (Cavaleiros do Orgulho), um grupo formado para defender muçulmanos da “islamofobia”, foram a julgamento em Paris por suspeita de estarem planejando ataques terroristas. O grupo, formado em agosto de 2010 por Mohamed Achamlane, um franco/tunisiano de 37 anos, que se autodenomina “Emir”, postou uma mensagem em seu Website exigindo que as forças francesas deixem todos os países de maioria muçulmana. A mensagem dizia o seguinte: “se nossas exigências forem ignoradas, iremos considerar que o governo está em guerra contra os muçulmanos”. No tribunal, Achamlane enfatizou: “não há Islã radical ou moderado. Há somente Islã autêntico”.

15 de junho. O Primeiro Ministro Manuel Valls assinalou em uma conferência, com duração de meio dia, sobre as relações com a comunidade muçulmana que o “Islã está aqui para ficar”. Ele também ressaltou que não há ligação entre Islã e extremismo. “Temos que dizer que isso tudo não é o Islã”, afirmou Valls: “o discurso de incitamento ao ódio, o antissemitismo que se esconde atrás do antissionismo e o ódio contra Israel, os autoproclamados imãs em nossos bairros e em nossas prisões que promovem a violência e o terrorismo”. Na conferência não se debateu a radicalização porque o tema foi considerado muito delicado.

23 de junho. Um tribunal em Paris rejeitou um caso apresentado por uma mãe que queria processar o governo francês por este não ter impedido seu filho adolescente de sair do país para se juntar aos jihadistas na Síria. O menino tinha 16 anos quando deixou a cidade francesa de Nice em dezembro de 2013, juntamente com três outros, ele pegou um avião para a Turquia e atravessou por terra a fronteira com a Síria. Sua mãe, identificada apenas como Nadine A., sustentou que a polícia do aeroporto de Nice deveria ter impedido o menino de embarcar porque ele tinha apenas uma passagem de ida e estava sem bagagens. O tribunal decidiu que os policiais do aeroporto não podem ser responsabilizados, rejeitando a demanda de €110.000 (US$120.000) de indenização.

28 de junho. O Primeiro Ministro Manuel Valls revelou ao canal iTele que há entre 10.000 e 15.000 salafistas na França e que 1.800 pessoas tinham algum tipo de “ligação” com a causa islamista. Ele salientou que o Ocidente estava engajado em uma “guerra contra o terrorismo”, acrescentando: “não podemos perder esta guerra porque ela é fundamentalmente a guerra das civilizações. É a nossa sociedade que está em jogo, é a nossa civilização que estamos defendendo”.

29 de junho. O Ministro do Interior Bernard Cazeneuve revelou nos últimos três anos a França deportou 40 imãs por “pregarem o ódio”: “desde o início do ano analisamos 22 casos, e cerca de 10 imãs e pregadores do ódio foram expulsos”.

29 de junho. Yassin Salhi de 35 anos, pai de três filhos, confessou ter decapitado seu patrão e de tentar explodir uma indústria química perto de Lyon. A cabeça decapitada foi encontrada pendurada em uma cerca da fábrica, ao lado de duas bandeiras com as inscrições muçulmanas de profissão-de-fé. Salhi, é motorista de caminhão, natural da França, cujos pais são de descendência marroquina e argelina. Antes de ser detido, Salhi tirou uma foto de si mesmo segurando a cabeça decapitada e enviou a imagem a um jihadista francês que se encontra lutando ao lado Estado Islâmico na Síria. A esposa de Salhi assinalou: “nós somos muçulmanos comuns. Respeitamos o Ramadã”.

Também em junho, em Bordeaux, a mercearia De L’Orient à L’Occidental, cujos proprietários se converteram recentemente ao Islã, cancelaram a “separação de gênero”, depois de enfrentarem uma avalanche de criticas. Na esperança de garantir que homens e mulheres não entrassem em contato dentro da mercearia, os proprietários tentaram proibir as mulheres de fazerem compras às segundas, terças, quartas e sextas, e proibir os homens às quintas, sábados e domingos.

JULHO

8 de julho. A revista semanal Valeurs Actuelles, lançou uma petição em todo território nacional intitulada: “não toque em minha igreja!”, depois que o diretor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, vocalizou que igrejas ociosas na França deveriam ser transformadas em mesquitas. A revista apontou para uma pesquisa de opinião realizada pelo Ifop que revelava que cerca de sete em cada dez entrevistados (67%) responderam que eram contrários a transformação de igrejas francesas em mesquitas.

10 de julho. Mohamed Achamlane, 37, o líder franco/tunisiano de um grupo banido chamado Forsane Alizza (Cavaleiros do Orgulho), foi sentenciado a nove anos de prisão, acusado de atos terroristas, depois que batidas policiais encontraram armas e uma lista de alvos judaicos em seus arquivos pessoais. O grupo, criado em 2010 com o suposto objetivo de barrar a disseminação da “islamofobia”, foi banido pelo governo em março de 2012 depois que propaganda jihadista apareceu em seu Website.

14 de julho. Cerca de 130 carros foram queimados em Paris para marcar o Dia da Bastilha, o dia nacional da França. Mais de 80 carros são queimados todos os dias na França, na maioria dos casos por jovens muçulmanos.

15 de julho. As autoridades francesas abortaram uma conspiração jihadista para decapitar um militar de alta patente das forças armadas francesas em Port-Vendre, uma base militar perto de Perpignan e postar o vídeo da decapitação na Internet. A polícia antiterrorista deteve três homens, incluindo Djibril A., ex-marinheiro da Marinha Francesa.

22 de julho. Uma mulher de 21 anos de idade chamada Angelique Sloss foi atacada por arruaceiras muçulmanas depois que a viram tomando banho de sol com duas amigas em Parc Léo-Lagrange em Reims. As mulheres a acusaram de “imoralidade” por expor demasiadamente o corpo em lugar público.

AGOSTO

13 de agosto. Um tribunal em Dijon manteve a decisão de Gilles Platret, prefeito de Chalon-sur-Saône, de parar de oferecer alternativas para a carne de porco em lanchonetes das escolas. A decisão foi bem recebida por Platret como a “primeira vitória do secularismo”. A medida foi condenada por grupos muçulmanos. Abdallah Zekri do Conselho Francês da Fé Muçulmana (Conseil français du culte musulman, CFCM) ressaltou:

“Só posso condenar a decisão do prefeito, que não foi tomada para restaurar a paz social nas escolas além de criar indignação na comunidade muçulmana. Todos os muçulmanos respeitam o secularismo. Os muçulmanos nunca pleitearam refeições halal nas cantinas”.

16 de agosto. O prefeito francês Yves Jégo deu entrada com uma petição para que fosse introduzida uma nova lei, exigindo que todas as escolas públicas francesas ofereçam uma opção vegetariana em suas lanchonetes. A iniciativa tem como objetivo ajudar estudantes que não podem ingerir carne de porco por motivos religiosos. Jégo salientou que a questão do cardápio do almoço nas escolas é uma “fonte de discórdia sem sentido, que tem como alvo na realidade, na maioria das vezes, a comunidade muçulmana que “desafia a nossa capacidade de conviver em harmonia uma realidade”. Mais de 150.000 pessoas assinaram a petição.

21 de agosto. Ayoub El-Khazzani, um marroquino de 26 anos de idade, foi detido após embarcar em um trem-bala de Amsterdã a Paris com 554 passageiros a bordo e abrir fogo com um fuzil Kalashnikov. Ele foi imobilizado com a ajuda de três americanos e um britânico. Mais tarde veio à tona que El-Khazzani tinha lutado ao lado do ISIS na Síria e que já era conhecido por pelo menos quatro agências de inteligência.

SETEMBRO

6 de setembro. Marine Le Pen, líder do Partido Frente Nacional, acusou a Alemanha de explorar a crise dos migrantes no afã de reduzir salários. Discursando para uma platéia de correligionários em Marselha, ela ressaltou:

“A Alemanha provavelmente acredita que sua população está moribunda e está procurando reduzir salários e continuar recrutando escravos por meio da imigração em massa. A Alemanha não quer apenas comandar nossa economia, ela também quer nos forçar a aceitar centenas de milhares de candidatos a asilo”.

7 de setembro. O Presidente François Hollande assinalou que a França irá abrigar 24.000 migrantes nos próximos dois anos. “É a obrigação da França. O direito a asilo é parte integrante do nosso corpo e alma. Nossa história demanda essa responsabilidade”.

8 de setembro. O Primeiro Ministro Manuel Valls censurou dois prefeitos franceses que disseram que abrigariam somente refugiados cristãos. “Não é possível selecionar refugiados com base na religião”, afirmou Valls. “O direito a asilo é um direito universal”. O prefeito de Roanne, Yves Nicolin, ressaltou que aceitará abrigar somente cristãos, para ter “certeza de que não são terroristas disfarçados”. O prefeito de Belfort, Damien Meslot, salientou que ele iria considerar abrigar somente famílias do Iraque e da Síria pelo fato “delas serem as mais perseguidas”.

22 de setembro. Eric Zemmour, um escritor francês e jornalista político, foi absolvido da acusação de incitamento ao ódio racial. Zemmour estava sendo processado por comparar gangues de estrangeiros aos invasores bárbaros que se seguiram após a queda do Império Romano. Em uma transmissão de rádio de 2014, ele ressaltou:

“Os normandos, hunos, árabes, as grandes invasões após a queda de Roma agora foram substituídas por gangues de chechenos, ciganos, kosovares, magrebinos e africanos que roubam, atacam e saqueiam. Somente sociedades homogêneas como a do Japão, que por muito tempo disseram não para a imigração em massa e que protegeram suas barreiras naturais, escaparam dessa violência das ruas”.

Promotores solicitaram que ele fosse multado em €5.000 (US$5.400) e que a emissora de rádio RTL fosse multada em €3.000 por postar a transmissão em seu site na Internet. O tribunal, contudo, declarou: “por mais chocantes e excessivas que essas palavras possam parecer, elas se referiam apenas a uma fração das comunidades e não a elas como um todo”.

27 de setembro. Mohamed Chebourou, um extremista islâmico francês/argelino de 27 anos, fugiu depois que lhe foi concedido uma breve licença da prisão de Meaux-Chauconin em Seine-et-Marne, na zona leste de Paris. Ele estava cumprindo uma pena de sete anos por assalto e não deveria ser liberado até 2019. Mais tarde ele foi detido na Argélia. A Ministra da Justiça da França Christiane Taubira foi pressionada a explicar como a um extremista islâmico poderia ter sido concedida uma licença temporária da prisão.

OUTUBRO

12 de outubro. Um estudante muçulmano de 15 anos de idade foi detido após gritar “Allahu Akbar”! (“Deus é grande”!) e atirar com uma espingarda de ar comprimido em uma das mãos de seu professor de física em uma escola em Châlons-en-Champagne. O menino disse que queria morrer como mártir.

20 de outubro. Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional, foi a julgamento sob acusação de incitamento ao ódio religioso, após comparar as rezas de rua dos muçulmanos com a ocupação nazista. Em um comício de campanha em Lyon em 2010, ela declarou:

“Peço desculpas, mas me dirijo àqueles que realmente gostam de falar sobre a Segunda Guerra Mundial, ao falarmos de ocupação, podíamos falar sobre as (rezas de rua), porque são claramente uma ocupação de território.

“É uma ocupação de parte do território, de bairros onde são aplicadas as leis da religião, é de fato uma ocupação. Não há tanques, não há soldados, mas mesmo assim é uma ocupação, uma ocupação que oprime as pessoas”.

Le Pen disse ser vítima de “perseguição judicial”. Ela acrescentou:

“É um escândalo que uma líder política possa ser processada por expressar suas opiniões. Aqueles que repudiam o comportamento ilegal dos fundamentalistas estão mais propensos a serem processados do que os próprios fundamentalistas que se comportam de maneira ilegal”.

29 de outubro. A polícia antiterrorista abortou uma conspiração jihadista que tinha como objetivo atacar a principal base da Marinha Francesa em Toulon. Os policiais detiveram Hakim Marnissi, de 25 anos, natural de Toulon, que estava sendo monitorado desde 2014, quando ele começou a publicar posts de propaganda do ISIS em sua página no Facebook. A polícia acredita que Marnissi foi radicalizado por Mustapha Mojeddem, um jihadista francês, também de Toulon, que está lutando ao lado do ISIS na Síria.

NOVEMBRO

13 de novembro. Uma série de ataques jihadistas coordenados, em Paris e no bairro Saint-Denis, ao norte da capital francesa, deixou 130 mortos e mais de 360 feridos. Três homens bomba desfecharam um ataque nas proximidades do Stade de France (estádio de futebol) em Saint-Denis, seguido por ataques suicidas e tiroteios em massa contra cafeterias, restaurantes e uma sala de concertos em Paris.

14 de novembro. Em um pronunciamento à nação, transmitido pela TV, o Presidente François Hollande responsabilizou o Estado Islâmico pelos ataques em Paris. Discursando do Palácio de Eliseu, Hollande ressaltou:

“É um ato de guerra cometido por um exército terrorista, um exército jihadista, Daesh (sigla do Estado Islâmico), contra a França. É um ato de guerra que foi preparado, organizado e planejado no exterior, com cúmplices que estão dentro deste país”.

14 de novembro. Ahmad Almohammad, um dos jihadistas que detonou explosivos amarrados ao corpo no Stade de France, o alvo escolhido para ser atacado por três homens-bomba durante uma partida de futebol entre as seleções francesa e alemã em 13 novembro, tinha se passado por um candidato a asilo para que pudesse ingressar na União Européia. Ele entrou na União Européia com um passaporte sírio falsificado. Veio à tona que foram dadas boas-vindas a ele quando desembarcou no litoral da ilha grega de Leros em 3 de outubro, por voluntários da organização humanitária internacional Médecins Sans Frontières (Médicos sem Fronteiras).

16 de novembro. Em um raro pronunciamento em uma sessão conjunta do parlamento, o Presidente François Hollande alertou: “estamos em guerra contra o terrorismo jihadista que ameaça o mundo inteiro”.

17 de novembro. Trinta muçulmanos, todos nativos de Bangladesh, residentes em Paris, se concentraram para protestar contra os ataques jihadistas de 13 de novembro. Estima-se que o número de muçulmanos em Paris chegue a 1,7 milhões de pessoas. Mohammad Hassan, um dos manifestantes ressaltou:

“Os muçulmanos não estão se fazendo ouvir. É importante que isto seja feito porque há muçulmanos temerosos em se exporem e falarem a verdade. Cerca de 5% dos muçulmanos apóiam os terroristas. O restante precisa se manifestar abertamente. Eu gostaria muito que mais muçulmanos se juntassem a nós”.

18 de novembro. A polícia realizou uma batida policial em um apartamento em Saint-Denis, uma comunidade de um subúrbio localizado ao norte de Paris, após ter recebido uma pista de que Abdelhamid Abaaoud, o arquiteto dos ataques em Paris, poderia estar naquele local. Duas pessoas foram mortas, incluindo Hasna Aitboulahcen, uma mulher suspeita que detonou um colete com explosivos. Oito pessoas foram detidas.

18 de novembro. Um professor judeu foi esfaqueado em Marselha por três elementos que alegavam serem seguidores do Estado Islâmico. Três homens em lambretas se aproximaram do professor na rua antes de lhe mostrar uma foto de Mohamed Merah, um jihadista que assassinou sete pessoas em uma série de ataques no sul da França em 2012. Em seguida esfaquearam o professor no braço e na perna.

24 de novembro. Anouar Kbibech, presidente do Conselho Francês da Fé Muçulmana (Conseil Français du Culte Musulman, CFCM), conclamou os imãs da França a obterem licenças para que possam realizar sermões, como meio de “combater a radicalização”. A certificação garantirá que os imãs “promoverão um Islã aberto e tolerante” e que “respeitarão as leis da República”. Essa “capacitação” poderá ser “cancelada” se necessário.

30 de novembro. A última edição da revista do ISIS no idioma francês, a Dar al-Islamconclamou seus partidários na França a assassinarem professores que promovem o secularismo nas escolas francesas. “É portanto uma obrigação combater e matar esses inimigos de Alá,” segundo a revista (p.17).

DEZEMBRO

2 de dezembro. O Secretário Geral da Central Geral dos Trabalhadores – CGT da Air France Philippe Martinez, revelou que a organização expulsou cerca de 500 membros suspeitos de serem extremistas islâmicos.

2 de dezembro. O Ministro do Interior Bernard Cazeneuve anunciou o fechamento de uma mesquita em Lagny-sur-Marne, zona leste de Paris, sob a alegação de que ela estava disseminando radicalismo islâmico e fazendo recrutamento para o ISIS. Foi a terceira mesquita fechada em uma semana tendo como base o extremismo.

13 de dezembro. Cerca de 70 funcionários dos dois principais aeroportos de Paris tiveram suas licenças de trabalho cassadas após ser constatado que eram extremistas islâmicos. Os assim chamados crachás vermelhos são emitidos a funcionários, incluindo técnicos de manutenção de aeronaves, encarregados de bagagens e fiscais de passaporte, que trabalham em áreas de segurança dos aeroportos de Roissy-Charles de Gaulle e Orly.

15 de dezembro. Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional, foi absolvida da acusação de incitamento ao ódio após comparar as rezas de rua dos muçulmanos com a ocupação nazista. O juiz presidente declarou que, embora os comentários de Le Pen fossem “chocantes”, eles estão protegidos “como parte integrante da liberdade de expressão”.

16 de dezembro. Entre 800 e 1.000 migrantes tentaram invadir o Eurotúnel perto da cidade portuária francesa de Calais na tentativa de alcançar a Grã-Bretanha. A polícia, que usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, declarou que o número de pessoas que tentava atravessar o canal em um único dia era “sem precedentes”. Aproximadamente 4.500 migrantes da África, Ásia e Oriente Médio vivem em condições sub-humanas em um campo improvisado em Calais conhecido como “Floresta”.

31 de dezembro. Em seu tradicional pronunciamento pela Passagem do Ano Novo, o Presidente François Hollande alertou que a França pode estar sujeita a mais ataques jihadistas em 2016:

“Acabamos de passar por um ano terrível. Começando com os ataques covardes contra a redação da revista Charlie Hebdo e ao supermercado kasher Hypercacher, depois os sangrentos ataques em Montrouge, Villejuif, Saint-Quentin Fallavier, depois o trem de Thalys, terminando com os hediondos atos de guerra em Saint-Denis e Paris… O terrorismo não acabou na França. A ameaça continua. E está no nível mais alto”.

Fonte: A Islamização da França em 2015

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *