Eu já escrevi anteriormente sobre o mistério que envolve o Aleph e o Tav ( את ) e existem diversas abordagens para a mesma, afinal como bem coloca o apóstolo Pedro: “… nenhuma profecia da Escritura provém de particular interpretação” (2 Pedro 1:20b), ou seja, tudo que você lê nas Escrituras possui mais de um significado, basta você se aprofundar. E isso não é diferente quando o assunto é a partícula “et” ( את, o Aleph e o Tav ) do hebraico, pois eu já abordei em artigos sobre a mesma das seguintes formas …
- essa partícula “et” ( את ) aponta para o primeiro e o último, o alfa e o ômega como Se define o próprio Cristo em Apocalipse 1:8 e 22:13 e o próprio SENHOR Deus em Isaías 44:6 ( veja meu artigo sobre essa questão, intitulado “Beleza e Curiosidades da Bíblia – O Alfa e o Omega”, aqui ) … e que também fala de Deus ( YHWH ) na cruz ( vide o mesmo artigo mencionado neste mesmo tópico ).
- essa partícula “et” ( את ) também aponta para o alfabeto, o “Aleph Beyt”, cujo valor das letras relacionadas Alephbet e ao Aleph e Tav somam ambas 523, fazendo um vínculo entre o Aleph e o Tav ( את ) e o próprio alfabeto, sem contar que a soma dos dígitos 5+2+3=10, é um número perfeito ( veja meu artigo sobre essa questão, intitulado “O Alfabeto Hebraico e o Alfabeto Grego foram Projetados por Deus?!”, aqui ).
- essa partícula “et” ( את ) possui valor 401, cuja soma dos dígitos é 4+0+1=5, valor este que fala dos 5 sacrifícios de Levítico 1 ao 7, das 5 feridas de Cristo e que por fim é o número da Graça de Deus que alcançou a sua expressão máxima por meio de Cristo na Sua morte e ressurreição.
Enfim, poderíamos abordar vários pontos sobre essa partícula, mas neste artigo eu vou abordar o “et” ( את ) de maneira diferente, afinal como um marcador gramatical essa partícula é muito peculiar ao hebraico de tal maneira que, quando ela aparece nos textos das Escrituras, ela não é traduzida.
Curiosamente ela aparece como a quarta e novamente como a sexta palavra de Gênesis 1:1 ( misteriosamente cifrado no texto como “espelho” dos dias da criação apontando as duas vindas de Cristo, uma no quarto dia e outra no sexto dia ), o “e” ( vide imagem anterior ), para referenciar a Terra ligando-a aos céus, como o segundo objeto direto do ato criador de Deus. O “et” ( את ) está prefixado com a sexta letra “vav” ( ו ), que é traduzida como o conjuntivo “e” ( ואת ) que está escrito em hebraico.
Um significado estritamente relacionado ao “et” ( את ) é destacar palavras para uma ênfase especial com a implicação de que a essência ou a totalidade de algo está em vista. Este é um conhecimento comum entre os comentaristas cristãos e judeus, como é observado por Adam Clarke ( 1826 dC ) …
“A palavra ‘et‘ ( את ), que é geralmente considerada como uma partícula, é frequentemente entendida pelos rabinos num sentido muito mais extenso. ‘A partícula‘, diz Ibn Ezra, ‘significa a substância da coisa‘. Uma definição similar é dada por Kimchi em seu livro ‘Book of Roots’. ‘Esta partícula‘, diz o Sr. Ainsworth, ‘tendo a primeira e a última letras do alfabeto hebraico nela, supostamente inclui a soma e a substância de todas as coisas‘.”
Essa tradição rabínica interpreta Gênesis 1:1 como “No princípio, criou Deus ‘et’ ( את ) – o Aleph Tav, a Essência de Tudo; o alfabeto com que disse Deus as palavras de poder que a tudo criou – os céus e a terra“. Isso é mais coerente com a sua etimologia, como Ernest Klein explicou em seu abrangente Dicionário Etimológico da língua hebraica, onde ele remontou à raiz última do significado de “et” ( את ) como “um substantivo no sentido de ‘ser, essência, existência‘“. Definição essa que é um curioso eco de Hebreus quando se refere a Cristo, o Aleph e o Tav ( את ) …
“Ele [ Cristo ], que É o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser [ Substância/Ser do Pai ], sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hebreus 1:3)
Isso significa que o Selo da Palavra de Deus ( AΩ / את ) carrega a ideia da existência essencial … eterna …, do início e do fim, do primeiro e do último. O capítulo da criação, de Gênesis 1, expressa em seu texto ao final da narrativa da criação um exemplo desse significado, como está escrito …
“Viu Deus tudo ( את-כל, et-kol ) quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. Assim, pois, foram acabados ( כלה, kalah … mesma raíz de kol כל … tudo ) os céus e a terra e todo o seu exército.” (Gênesis 1:31;2:1)
A expressão “et-kol” ( את-כל ) é formada no texto de Gênesis pela combinação de “et” ( את ) com “kol” ( כל ), a palavra hebraica padrão que significa o todo ou tudo. Ela é soletrada com as mesmas consoantes como o “ōt-kol”, o sinal de tudo, que é coerente, naturalmente, com o tópico preciso da passagem. Isso então revela a verdadeira essência do núcleo alfabético da Palavra de Deus.
O alfabeto hebraico é composto de 22 letras e se formos colocar essas letras dispostas em um círculo, simbolizando o início e o fim pela ordem das letras e mantendo a mesma disposição delas nesse círculo, nós teríamos o resultado como na imagem colocada no topo deste artigo. Onde o Aleph e o Tav se encontram no topo do mesmo. Observando a expressão para TUDO de Gênesis 1:31, “et-kol” ( את-כל ), vemos uma união das letras Aleph e Tav ( את ) juntas e do Kaph e o Lamed também juntos ( כל ) … observe na imagem abaixo que estas letras estão também juntas e diametralmente opostas na circunferência.
Seguindo a seta do centro da figura anterior, passamos pelas letras Aleph “א” – Tav “ת” – Kaph “כ” – Lamed “ל” e vemos que o “et-kol” ( את-כל ), que representa TUDO, é formado pelo entrelaçamento simétrico dessas duas palavras diametralmente opostas no Círculo Alfabético. Isto significa que o Sinal de Tudo é simetricamente soletrado no núcleo alfabético e, curiosamente, essa figura que tanto lembra o número 8 ( oito, símbolo de novos começos nas Escrituras ), quanto também o símbolo do infinito ( ) que é por vezes chamado de lemniscata. Isso tudo é resultado da maravilha interminável da Arte Teológica que Deus gravou com tanta habilidade no cerne das Escrituras por meio do idioma com o qual Se revelou nos textos bíblicos da criação de tudo e do Seu incrível plano de redenção.
O vínculo observado em Gênesis 1:31 entre TUDO ( “et-kol” את-כל ) e o TÉRMINO ( “kalah” כלה ), nos leva diretamente ao tema principal da Consumação do Plano das Eras de Deus. No versículo de Gênesis citado anteriormente, Deus usou a expressão “et-kol” ( את-כל ) em conjunto com o seu cognato “kalah” ( כלה ), que significa acabar, completar, terminar, trazer a um fim, estar completo, estar realizado. Exceto por pontos vocálicos, esta palavra é idêntica à “kallah” ( כלה ), que denota uma noiva ou esposa.
Este é o mistério divino da língua hebraica; Deus baseou a palavra para uma noiva (“kallah”) sobre a idéia de conclusão (“kallah”) para prefigurar o propósito final de toda a criação, como está escrito “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.” (Efésios 5:31,32).
E nenhum livro nas Escrituras fala tanto do relacionamento entre o noivo e a noiva, entre o esposo e a esposa quanto o livro de Cântico dos Cânticos, ainda mais especificamente nas passagens que levam ao ponto em que o Amado e a Sua Noiva consumam o Seu casamento, que é marcado pela frase “Já entrei no meu jardim” … e isso não é por acaso, pois o SENHOR Deus é o jardineiro que planta o Jardim do Éden em Gênesis 2:8 e Jesus é confundido com um jardineiro por Maria Madalena em João 20:15 …, por isso o texto de Cântico dos Cânticos é tão expressivo nesses termos, como está escrito …
“Vem comigo do Líbano, noiva ( כלה kallah ) minha, vem comigo do Líbano; olha do cimo do Amana, do cimo do Senir e do Hermom, dos covis dos leões, dos montes dos leopardos. Arrebataste-me o coração, minha irmã, noiva ( כלה kallah ) minha; arrebataste-me o coração com um só dos teus olhares, com uma só pérola do teu colar. Que belo é o teu amor, ó minha irmã, noiva ( כלה kallah ) minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus ungüentos do que toda sorte de especiarias! Os teus lábios, noiva ( כלה kallah ) minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância dos teus vestidos é como a do Líbano. Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva ( כלה kallah ) minha, manancial recluso, fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes: a hena e o nardo; o nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e o aloés, com todas as principais especiarias. És fonte dos jardins, poço das águas vivas, torrentes que correm do Líbano! Esposa: Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que se derramem os seus aromas. Ah! Venha o meu amado para o seu jardim e coma os seus frutos excelentes! Esposo: Já entrei no meu jardim, minha irmã, noiva ( כלה kallah ) minha; colhi a minha mirra com a especiaria, comi o meu favo com o mel, bebi o meu vinho com o leite. Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados.” (Cântico dos Cânticos 4:8-16;5:1)
Sem o conhecimento do Evangelho, a frase “minha irmã, noiva minha” pode parecer um pouco “fora de propósito” neste mais sagrado de todos os cânticos. Mas à luz da tipologia bíblica que aponta Cristo como nosso irmão ( Hebreus 2:11 ) e também como nosso noivo ( Apocalipse 21:9 ) e como nosso esposo ( 2 Coríntios 11:2 ), o texto termina por ficar em perfeita harmonia com o resto da sinfonia das Escrituras. Esta é a consumação do Plano de Deus para as Eras …
“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhE a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus.” (Apocalipse 19:7-9)
Sim, vamos nos alegrar! Cantemos louvores ao nosso Pai Celeste, que “ocultou estas coisas aos sábios e instruídos e as revelou aos pequeninos” (Lucas 10:21) sobre o mistério da união de Cristo com a Sua noiva, a Igreja … os dois tornando-se “uma só carne” como está em Efésios 5:31 ecoando Gênesis 2:24 … vale notar que essa expressão “uma só carne” em hebraico está assim “לְבָשָׂ֥ר אֶחָֽד“, essa construção é curiosa, visto que é uma junção da palavra “אֶחָֽד” ( “’e·ḥāḏ.“, que significa um, unidade ) com o termo “לְבָשָׂ֥ר“ ( “lə·ḇā·śār“, que signifca carne ), sendo que esse último termo está com o prefixo lamed “לְ” em conjunto com a palavra carne “בשׁר” … podendo assim se observar duas palavras significativas nesse termo “לב” ( “leb“, coração ) e “שׁר” ( “sar“, governante, príncipe, soberano ) … analisando esses dados, quando o texto diz que os dois serão “uma só carne” ele indiretamente está dizendo que os dois estarão de tal modo em unidade que serão como “um coração que governa” ou como “um coração que domina soberanamente” … enfim reinaremos com Ele e seremos um com Ele como Ele é um com o Pai.
Como já apontava de maneira escondida em mistério no texto em hebraico de Gênesis 1:31;2:1 … que TUDO ( “et-kol” את-כל ) o que foi criado alcance o seu TÉRMINO/COMPLETUDE ( “kalah” כלה ) determinado pelo SENHOR Deus desde o princípio para o casamento de CRISTO ( o “Aleph e o Tav” את ) com a Sua NOIVA ( “kallah” כלה ), a Igreja, para então tornar-se definitivamente a Sua ESPOSA ( “kallah” כלה ) para um novo tempo ( Aleph “א” – Tav “ת” – Kaph “כ” – Lamed “ל”, o símbolo que aponta para novos começos … o 8 ) … e isso eternamente ( ) ! Amém!
As Escrituras e sua construção não são lindas e maravilhosas?! Louve ao SENHOR e ao Seu Santo Nome e diga em alta voz …
“Vem depressa, amado meu” (Cântico dos Cânticos 8:14a)
“Vem, Senhor Jesus!” (Apocalipse 22:20b)
Que o SENHOR lhe abençoe abundantemente e lhe encontre com muito azeite na vinda para as Bodas do Cordeiro!