Meu Comentário: Os analistas que buscam prever como o mercado de títulos irá se comportar estão com opiniões das mais variadas, dado os cenários de incerteza que se apresentam nos últimos meses. É o que se percebe ao ler esse artigo da Bloomberg onde não há uma coesão e nem um consenso sobre o que ocorrerá no mercado durante 2015. Por isso muitos parecem apostar baseado em perspectivas distintas e na incerteza das ações do Banco Central Americano (Fed) com relação ao aumento da taxa de juros, assunto que vem se prolongando desde 2014 e que agora estão jogando para o meio de 2015. Nesse ponto o analista Peter Schiff parece ter razão em sua análise, onde disse “Mas eles (o Fed) realmente não podem fazer isso (aumentar a taxa) por causa da enormidade da dívida que os EUA possui. Se as taxas de juros, realmente subirem, nós não temos a capacidade para o seu pagamento. Não podemos trabalhar a dívida em uma taxa normal. O Governo Federal não pode fazer isso”. Enfim, os prognósticos não são tão favoráveis como se desejaria, na verdade muitos números considerados bons da economia americana estão maquiados por não mostrarem os dados devidamente, um exemplo é o nível de empregos criados, onde mais de 25% deles são de sub-empregos ou de empregos de meio expediente, que não trazem ganhos reais de salário como seria o desejado. Isso sem comentar o que os valores muito baixos do preço do petróleo podem ocasionar na economia global como um todo, não somente na americana, o que traz muito mais preocupação do que otimismo.
por Liz Capo McCormick e Susanne Walker,
Janet Yellen, presidente do Federal Reserve dos EUA |
Prepare-se para um ano desastroso para os títulos do governo dos EUA. Essa é a mensagem que os prognosticadores de Wall Street estão enviando.
Com a Presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, preparada para aumentar as taxas de juros em 2015, pela primeira vez em quase uma década, os prognosticadores estão convictos de que os rendimentos do Tesouro não têm para onde ir senão para cima. Seus convites para rendimentos mais elevados no próximo ano são os mais agressivos desde 2009, quando os títulos de dívida norte-americanos sofreram perdas recordes, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.
Fazer tudo certo não tem sido fácil. Quase todo mundo que previa uma onda de vendas este ano, enquanto o Fed finalizava a sua compra de títulos, foi pego de surpresa com o baixo crescimento salarial dos EUA e das turbulências nos mercados emergentes que impulsionou os títulos do Tesouro para os maiores retornos desde 2011. Agora, mesmo com as perspectivas de inflação no mercado de títulos caindo, os prognosticadores estão aderindo à visão de que os títulos do Tesouro são uma proposta perdedora a medida em que a economia se fortalece.
“O próximo ano deve ser o ano de rompimento afinal”, disse Chris Rupkey, economista financeiro chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Ltd., ele disse isso por telefone, a partir de Nova Iorque, em 23 de dezembro de 2014. “O mercado está ignorando a retórica de que Yellen e o FOMC estão ficando cada vez mais perto do aperto. O mercado está errado sobre isto”.
Previsão Grosseira
Rupkey, que está entre os 74 economistas e estrategistas consultados pela Bloomberg neste mês, tem uma das mais altas projeções. Ele disse que espera que os rendimentos de 10 anos subam para 3,4 por cento até o final de 2015, dos atuais 2,20 por cento, as 10:57, em Nova York. Em janeiro de 2014, Rupkey dizia que o rendimento seria de 3,6 por cento por agora. Os rendimentos caíram hoje junto com os colegas alemães enquanto o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, falhava em sua tentativa final para obter o seu candidato a presidente confirmado.
A média das previsões é que os rendimentos venham a atingir 3,01 por cento durante esse mesmo período. Um aumento de cerca de 0,75 ponto percentual seria quase o dobro do que os analistas tinham previsto para 2014.
Combinado com as projeções para os rendimentos sobre os títulos de dois anos para mais do que o dobro, de 1,53 por cento, e os dos bônus de 30 anos para subirem 0,89 ponto percentual, para 3,70 por cento, os analistas que fazem as previsões estão mais pessimistas do que em qualquer outro momento desde 2009.
Foi quando eles previram que os rendimentos sobre cada vencimento da dívida subiriam mais de um ponto percentual para os EUA, ajudados pelas políticas de dinheiro fácil do Fed, que começava a se recuperar da sua pior crise econômica, em 2008, desde a Grande Depressão. Os títulos do tesouro perderam 3,7 por cento naquele ano na maior baixa que remonta a 1978.
Leia o Mercado
Depois de interpretar mal a direção do mercado de títulos dos EUA este ano enquanto os rendimentos caíam e os títulos do Tesouro subiam 5,7 por cento, um número crescente de profissionais financeiros estão mostrando uma confiança renovada com os títulos do Tesouro que são devidos a uma onda de vendas.
Dada a chance de especular sobre as quedas em um único ativo, 20 por cento dos investidores, traders e analistas, no último mês, na enquete realizada pela Bloomberg Global, escolheram os títulos do governo como a sua primeira escolha – mais do que em qualquer outra categoria.
Um dos maiores motivos é a força da maior economia do mundo. O produto interno bruto dos EUA cresceu a uma taxa anual de 5 por cento no terceiro trimestre, o maior desde o mesmo período de 2003, é o que mostraram os dados revisados do governo e divulgados na semana passada. O desemprego está no seu nível mais baixo de 5,8%, em seis anos.
“As coisas estão subindo e apontando para uma recuperação bastante saudável”, disse Boris Rjavinski, um estrategista de taxas de juros de derivativos dos EUA, sediado em Nova York na UBS Group AG, ele disse isso em uma entrevista por telefone em 17 dezembro de 2014. O banco é um dos 22 negociadores primários que negociam com o Fed.
Yellen Stance
Após a reunião de política do Fed, em 17 de dezembro, Yellen disse que o banco central estava em curso para aumentar a sua taxa de próximo de zero e sugeriu uma abordagem “paciente”, o que pode se traduzir em um aumento para o meio de 2015.
“As taxas vão estar subindo nos EUA em 2015”, disse Peter Fisher, o ex-funcionário do Fed e subsecretário de finanças domésticas do Tesouro dos EUA, ele disse isso em uma entrevista em 22 de dezembro de 2014. “Globalmente, haverá divergência na política monetária e de crescimento em vários países”, disse Fisher, diretor sênior do Instituto de Investimento BlackRock e ex-chefe de renda fixa da sede em Nova York da BlackRock Inc.
A recessão no Japão e o espectro da deflação na Europa está levando os respectivos bancos centrais para impulsionarem medidas de estímulo, que podem manter uma tampa sobre os seus próprios rendimentos, aumentando a demanda por títulos do Tesouro. As notas norte-americanas de 10 anos já renderam cerca de 1 ponto percentual a mais do que a média de seus pares do Grupo-De-Sete, a maior desde 2006.
Perspectivas Futuras
Os comerciantes de mercados futuros estão céticos de que o Fed será capaz de aumentar as taxas tanto quanto os formuladores de políticas antecipam. Enquanto a estimativa mediana de previsões trimestrais do banco central, divulgados no mês passado, que mostram que o Fed vai aumentar a taxa de fundos federais de destino para 1,125 por cento até ao final de 2015, os mercados futuros indicam 88 por cento de chance de que a taxa será de 1 por cento ou menos.
Para Guy LeBas, o estrategista-chefe de renda fixa, da Janney Montgomery Scott LLC, qualquer aumento será temperado como um número crescente de americanos mais velhos que levam a menos gastos e para uma inflação mais lenta, enquanto que aumentam a demanda para o baixo risco, os ativos de renda fixa. A porcentagem de americanos de 65 anos de idade ou mais, chegou a 14,2 por cento da população dos EUA este ano, acima dos 12,4 por cento de uma década atrás, de acordo com os dados do Census Bureau que foram compilados pela Bloomberg.
“Os títulos de tesouro de longo prazo vão olhar através dos altos e baixos do ciclo econômico a curto prazo e se concentrarão nas restrições ao crescimento de longo prazo”, disse LeBas por telefone, da Filadélfia, em 23 de dezembro de 2014. Ele antecipa que os rendimentos sobre as notas de 10 anos chegará ao fim de 2015 em 2,47 por cento, a estimativa mais baixa entre os analistas pesquisados este mês pela Bloomberg.
Com os sinais de crescimento dos salários finalmente subindo, empregos mais fortes e os preços mais baixos da gasolina em cinco anos, estarão prestes a aumentar a despesa das famílias, de acordo com Ira Jersey, estrategista da taxa de juro do Credit Suisse Group AG.
“Se as pessoas tornarem-se mais otimistas, a demanda pelos títulos do Tesouro pode secar muito rapidamente e você poderia ver uma volta bastante significativa nos rendimentos”, disse Jersey por telefone, de Nova Iorque, em 23 de dezembro de 2014. O Credit Suisse, um negociador primário, previu que as notas de 10 anos subirão para 3,35 por cento até ao final de 2015.
* Artigo traduzido por mim, link do original aqui: U.S. Bond Sentiment Is Worst Since Disastrous ’09