Milhões Marcham em Paris; Governos e a Mídia Escondem os Motivos Islâmicos

Ao recusar-se a censurar-se e prostrar-se diante de solicitações da lei islâmica (Sharia), os editores da Charlie Hebdo recusaram-se a serem parte desta sabotagem. O mundo ocidental precisa tomar parte neste seu desafio.

 

por Meira Svirsky,

 

 A faixa diz “Nós Somos Charlie” na marcha em Paris em apoio aos jornalistas mortos da revista Charlie Hebdo. (Foto: © Reuters) 

 

Os líderes mundiais se juntaram a uma marcha de um milhão e meio de pessoas hoje (11/01/2015) em Paris, em uma demonstração de unidade aos 17 mortos nos ataques terroristas islâmicos em toda a França, na semana passada.

“Unidade contra o extremismo” foi o tema em Paris na praça Republique, como refletido nas palavras do Primeiro-Ministro da França, Manuel Valls, que disse no sábado: “Somos todos Charlie, todos nós somos policiais, somos todos judeus da França”.

O primeiro-ministro francês estava se referindo aos ataques contra a revista Charlie Hebdo na quarta-feira, que deixou 10 jornalistas e dois policiais mortos, um outro policial morto em um ataque separado na quinta-feira e quatro reféns mortos em uma tomada de um mini-mercado kosher na sexta-feira.

Dois irmãos, armados com fuzis AK-47, junto com outros homens armados invadiram os escritórios da revista Charlie Hebdo, após julgarem que as caricaturas que haviam sido publicadas eram ofensivas ao Islã. A sede da revista havia sido bombardeada em 2011 pelo mesmo “crime”. A revista tinha a proteção da polícia e o seu editor, que foi morto no ataque, empregava um policial como um guarda-costas pessoal.

Em um vídeo do ataque, apresentado posteriormente, gravado por um parisiense que tinha fugido para o telhado de um prédio vizinho, os agressores podiam ser ouvidos gritando “Allahu Akhbar” (“Alá é maior”, em árabe), enquanto eles baleavam um policial na rua, em seguida, acabam com ele na calçada, enquanto ele jazia ferido.

Testemunhas também relataram ter ouvido os pistoleiros gritarem: “Temos vingado o profeta Maomé”.

Conforme explicado pelo Islâmico Britânico, Anjem Choudary – e, como bem entendido pelo presidente francês, bem como por todos os outros líderes mundiais que estarão presentes no comício de domingo – insultar o profeta do Islã é um crime punível com a pena de morte de acordo com a Sharia, a lei islâmica.

O que torna isso ainda mais surpreendente é que, em uma das primeiras declarações de Francois Hollande após o ataque contra a revista, o presidente francês disse: “Esses loucos, fanáticos, não tem nada a ver com a religião muçulmana”.

O secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, levou a cegueira um passo adiante quando ele manteve-se referindo ao ataque como “violência”, o que levou a seu entrevistador na CNN a interrompê-lo, dizendo: “Josh, quando você fala em combater a mensagem, você continuará a usar a palavra violência. Quer dizer, isso é um ato de terrorismo, é o que o presidente da França o chamou – um ato de terrorismo … Você vê isso como um ato de terrorismo, e isso é algo que tem de ser condenado a esse nível”?

Ao que Earnest respondeu de forma obscura, “Baseado no que sabemos agora, parece que é o que estamos enfrentando aqui. E isso é um ato de violência que nós certamente condenamos, e se, com base neste inquérito, acabar por ser um ato de terrorismo, então teríamos que condenar nos termos mais fortes possíveis, também”.

Após a decapitação do jornalista James Foley, o presidente dos EUA, Barack Obama, declarou que o Estado islâmico “não é islâmico”. Seguindo essa postura, Obama inicialmente divulgou um comunicado que dizia: “Eu condeno veementemente o terrível tiroteio no escritório da revista Charlie Hebdo em Paris, que já teria matado 12 pessoas”.

Mais tarde, ele conseguiu se referir ao ataque simplesmente como “terrorismo”.

De sua parte, muitos meios de comunicação estavam ocupados limpando os frames do vídeo onde “Allahu Akhbar” podia ser ouvido. O jornal The New York Times originalmente relatou uma citação de uma sobrevivente do ataque à revista, Sigolène Vinson, uma freelancer que estava no escritório da revista naquela manhã e depois falou com a imprensa francesa.

Contando como ela pensou que seria morta quando um dos agressores colocou uma arma na sua cabeça, Vinson informou que o atirador disse, “Eu não vou matar você, porque você é uma mulher. Nós não matamos mulheres, mas você deve se converter ao islamismo, ler o Alcorão e cobrir-se”.

A citação foi de curta duração no jornal The New York Times, a qual mais tarde editou a citação do atacante de Vinson para, “Não tenha medo, acalme-se, eu não vou te matar. Você é uma mulher. Mas pense no que você está fazendo. Não está certo”.

A CNN, por sua vez, conseguiu a questionar se a loja kosher foi escolhida pelo atacante islâmico por motivos anti-semitas, já que “muitos muçulmanos compravam lá” e porque havia uma “variedade de lojas” num bairro não-judeu. A rede preferiu ignorar um relatório amplamente divulgado por um repórter francês que falou com o terrorista por telefone. “Ele disse que fez isso para defender os muçulmanos oprimidos, especialmente na Palestina, e ele escolheu um supermercado kosher porque servia a judeus”, disse o repórter francês.

Em meio ao relatório estava a questão recorrente perguntada pelos meios de comunicação, “O que pode ser feito?”, bem como a resposta implícita dada pelo presidente francês, quando disse: “A França ainda não viu o fim das ameaças que enfrenta” – uma resposta, infelizmente, relevante para o resto do mundo ocidental.

A resposta de Hollande será, infelizmente, a avaliação correta se aqueles que estão no comando se recusarem a enfrentar a realidade da ameaça: A incapacidade em abordar o componente “islamista” do terrorismo que assola o Ocidente não é apenas hipócrita, mas ergue uma barreira impenetrável para a sua superação.

E assim, os islamitas terão vencido em muitos relatos. O fato de que os líderes do mundo ocidental têm objetado diferenciar entre o Islã e islamismo (a implementação do Islã em um nível político, incluindo a instauração da lei da Sharia), devido ao desejo de não ofender aos muçulmanos ou de serem rotulados de racistas, significa que eles não vão implementar as medidas necessárias para acabar com a ideologia islâmica e a sua violência resultante.

“Todo mundo está se concentrando no fato de que que os jihadistas foram atrás dos cartunistas”, disse o analista de segurança nacional do site Clarion Project, Ryan Mauro, em entrevista ao noticiário nacional. No entanto, “haverão sempre de ser um alvo [originado] a partir desta ideologia que diz que ‘Coisas como estas são tão ilegais sob a Sharia que elas devem ser alvo de retaliação violenta, a fim de tornar as sociedades em conformidade com o nosso sistema de crença da Sharia'”.

Nossos líderes devem perceber que falar de terrorismo motivado por ideologia islâmica não conota um sentimento anti-muçulmano.

“A questão que enfrentamos não é, como grupos islâmicos reivindicam falsamente nos Estados Unidos – ironicamente, são essas as mesmas pessoas que são convidadas para a Casa Branca, a Segurança Interna, o Departamento de Justiça e o Departamento de Estado – que o uso do termo, ‘terrorismo islâmico’, conota uma generalização de que todos os muçulmanos são terroristas mais do que o uso do termo ‘cartéis de drogas latino-americanos’ significa que todos os hispânicos são drogados ou que o termo ‘máfia italiana’ significa que todos os italianos são mafiosos ou que o termo ‘nazistas alemães’ significa que todos os alemães eram nazistas”, escreveu Steve Emerson do Projeto de Investigação sobre o Terrorismo.

“O termo ‘terrorismo islâmico’ significa exatamente isso: ataques terroristas com uma motivação islâmica – seja se eles tentam silenciar aos críticos do Islã, imporem a Sharia, punirem aos ‘cruzados’ ocidentais, cometerem genocídio de não-muçulmanos, estabelecerem a supremacia islâmica (ou um Califado) ou destruírem quaisquer povos não-muçulmanos (por exemplo, aos judeus e cristãos) que estão ‘ocupando terras muçulmanas'”, disse Emerson.

A incapacidade de identificar a ideologia islâmica conduzindo o terrorismo significa, necessariamente, que não teremos sucesso na nossa luta contra ele. Além disso estaremos, de bom grado, sendo cúmplices de nossa morte.

Se não queremos ser parte disso, os acontecimentos na França nos ensinam, “Não se censure”, diz Mauro. “Temos de reconhecer que este ataque é um meio para um fim. A vitória para eles não é o ataque em si, a vitória vem quando nós censuramos a nós mesmos. Porque eles não são poderosos o suficiente para imporem a sua forma de governo da Sharia sobre nós, o que eles podem fazer é nos intimidar para que nós a implementemos em nós mesmos”.

Em um documento, recuperado de uma reunião de 1991, que define os objetivos estratégicos da Irmandade Muçulmana para a América do Norte, os fundadores do movimento islâmico na América, escreveram: “A Ikhwan [a Irmandade Muçulmana] deve entender que o seu trabalho na América é uma espécie de grande Jihad para eliminar e destruir a civilização ocidental a partir de dentro e ‘sabotar’ a sua casa miserável por suas mãos e pelas mãos dos crentes … “.

Ao recusar-se a censurar-se e prostrar-se diante de solicitações da lei islâmica (Sharia), os editores da Charlie Hebdo recusaram-se a serem parte desta sabotagem.

O mundo ocidental precisa tomar parte neste seu desafio.

 

* Artigo traduzido por mim, link original aqui: Millions March in Paris; Gov’ts & Media Scrub Islamist Motive

 

 

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