Análise Sobre a Situação Atual do Preço do Petróleo

por Dionei Vieira,

 

 

Como já citei em outros posts, quanto mais preparado você estiver para uma situação de crise, melhor. Sempre foi assim e continuará sendo, portanto, mantenho minha recomendação, afinal, essa época que se avizinha pode apresentar também inúmeras oportunidades, mas é necessário planejamento e preparação para poder colher os frutos disso, ainda mais num ambiente relativamente hostil. Lembre-se da velha máxima: “Sorte é quando preparação encontra oportunidade”.

O cenário mundial de crise, que continua a se desenhar, requer muita cautela, explico a seguir.

Houve apenas uma outra vez na história em que o preço do petróleo caiu em mais de US$40 em menos de 6 meses. A última vez que isso aconteceu foi durante o segundo semestre de 2008 e foi no início daquela crise que a queda do preço do petróleo antecedeu ao grande colapso financeiro que aconteceu no final daquele ano durante vários meses (já postei sobre isso anteriormente no meu perfil do Facebook, veja aqui).

Com o preço do Petróleo caindo mais ainda, como tem ocorrido, é um forte sinal de séria crise à vista. Quando o preço do petróleo cai drasticamente, isso é um sinal de que a atividade econômica global está se retraindo. Nesse caso, eu acredito que a queda é fruto de duas situações: tanto pela atividade econômica se retraindo como por uma guerra de preços entre produtores. De qualquer forma, a queda dos preços também pode ter um efeito tremendamente desestabilizador sobre os mercados financeiros. As empresas de energia já representam cerca de 20 por cento do mercado de “junk bonds”. E a implosão dos papéis “junk bonds” são geralmente um sinal de que um grande crash da bolsa está a caminho.

Então, se você estiver procurando por um “canário em uma mina de carvão”, mantenha os seus olhos bem abertos sobre o desempenho dos preços dos papéis “junk bonds” de empresas de energia. Se eles começarem a entrar em colapso, isto é um sinal de que Wall Street está prestes a colapsar também.

O que temos visto nas últimas semanas sobre a queda do preço do petróleo representa também uma guerra de produtores de petróleo, com os EUA e sua grande produção de petróleo de xisto de um lado e produtores tradicionais de outro, principalmente a Arábia Saudita, que tem artificialmente derrubado os preços para inviabilizar outras formas de extração, considerados mais caras, o que também é o caso do petróleo de xisto (já escrevi um pouco sobre isso em um outro artigo, veja aqui). Mas os efeitos dessa guerra possui vários outros efeitos colaterais indesejados, como tem ocorrido com a Rússia e outros países que estão na linha de tiro dessa guerra. Não é de se espantar que a Arábia Saudita esteja com isso criando mais inimigos no mundo e, confesso, não ficarei espantado se esse país sofrer alguma retaliação em um futuro breve e ela pode ser bem mais forte do que se pode imaginar, pois podem querer “queimar” a Arábia Saudita junto com seus poços. Já existe uma animosidade silenciosa ocorrendo e esse conflito silencioso cresce à medida que os afetados na guerra aumentam os seus prejuízos.

Como exemplo das consequências dessa guerra silenciosa, se o preço do petróleo continuar a este nível ou continuar caindo ainda mais, vamos ver um número significativo de empresas norte-americanas de petróleo de xisto sairem do negócio e um grande número de empregos serão perdidos dentro dos EUA. Os sauditas sabem como jogar duro, e eles são absolutamente implacáveis, mas os efeitos desta guerra, como frisei no parágrafo anterior, envolvem vários outros países e grupos, em especial aos Russos e aliados que não se mostram nem um pouco felizes com essa situação.

Além disso, o setor de energia tem sido um dos únicos pontos positivos para a economia dos EUA nos últimos anos. Se este setor começar a entrar em colapso, ele vai ter um impacto negativo dramático na perspectiva econômica dos EUA. Especificamente, se os preços do petróleo ficarem muito baixos, em seguida, as empresas de energia não vão mais ser capazes de cobrir os custos de produção nos EUA. Esse gasto por empresas de energia, também conhecido como despesas de capital, é responsável por uma grande quantidade de postos de trabalho. O setor de energia representa cerca de um terço das empresas do índice da Standard & Poor’s 500 capex e quase 25% dos gastos combinados com Pesquisa & Desenvolvimento do índice Capex. Na medida que essas empresas começam a falhar e os títulos começam a ir mal, isso causará sérias consequências nos principais bancos americanos. Todo mundo poderia sofrer se o colapso desencadear uma nova onda de inadimplência através do mercado de dívida de alto rendimento, e por sua vez, atingir o mercado de ações. Os primeiros a cairem serão os bancos que foram os últimos a serem afetados pela crise imobiliária. Reforço o que escrevi anteriormente, observe os títulos “junk bonds”, quando eles começarem a cair, é um sinal de que um grande colapso do mercado de ações esta bem à porta.

Com tudo isto acontecendo e outros fatores econômicos que não cabem aqui, as próximas semanas e meses trarão mais indicadores, mas as primeiras análises não são muito positivas. É uma guerra entre os grandes, por isso especulo que alguns deles, em particular a Arábia Saudita, pode vir a sair chamuscada, visto o risco que ela representa para as grandes potências mundiais e, numa situação de guerra desse tipo, bombas podem ser jogadas e com a Arábia Saudita “em chamas”, o preço do petróleo voltaria à patamares mais suportáveis para essas potências mundiais. É uma guerra arriscada e um jogo pesado, de nível mundial, com um recurso de energia de altíssimo valor e importância mundial que é o petróleo. Vamos torcer pelo melhor, como sempre, afinal as melhores crises são aquelas que nunca ocorreram, mas recomendo cautela, planejamento e preparação, além disso, os que tem a mesma fé que eu, sabem que só existe segurança de verdade no Altíssimo e Ele cuida dos seus, em todas as áreas, mas isso não significa que devemos ser relapsos, quando temos de ser prudentes e sábios.

Aproveitando, abaixo coloco um audio com a análise publicada hoje, de Mauro Halfeld na CBN, também abordando o assunto, recomendo que ouça.

 

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