Aprendendo com Davi sobre Prioridades

Davi sabia dar prioridade ao que é mais importante, isso ele deixa claro neste Salmo e neste versículo …

Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no Seu templo.” (Salmo 27:4)

É interessante observar nesse texto que o verbo em hebraico para “peço” no original é שׂאל (sha’al) ou שׂאל (sha’el), e o mesmo denota “pedir esmola”, “mendigar”; uma atitude muito diferente dessa que muitos dizem hoje em que se deve “determinar”; Davi sabia quem ele era e quem Deus É, por isso ele sabia como alcançar o coração do SENHOR devidamente; tolos são aqueles que não conseguem perceber quem é o verdadeiro Senhor nessa relação do homem com Deus … possivelmente acabarão por descobrir da pior forma o quanto as suas percepções e valores estão equivocados.

No Seu tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao SENHOR.” (Salmo 27:6b)

Neste Salmo, Davi se refere ao Tabernáculo do SENHOR, não aquele de Moisés, que ficava no Monte Gibeom, mas aquele que Davi havia feito, e em que havia somente a Arca do SENHOR, sem o véu de separação, que ficava no Monte Sião, e que simbolizava a graça, pois nele não eram oferecidos sacrifícios diários de animais como ocorria em Gibeom, mas sim sacrifícios espirituais que eram o erguer de mãos, os louvores e os júblios de adoração.

Ao meu coração me ocorre: Buscai a Minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a Tua presença.” (Salmo 27:8)

Também note que o termo “buscar” que aparece muitas vezes neste Salmo, vem do original בקשׂ (baqash) e denota uma busca incessante para se encontrar, não é aquela busca do tipo em que se pode vir a desistir, mas é daquela que só termina quando se encontra.

Quem sabe o que é importante de verdade não tem nada a temer, porque sabe a quem pode se dirigir em petição nas horas difíceis, e a sua esperança está bem fundamentada! Leia todo o Salmo 27 e irá perceber isso!

Que o Eterno resplandeça o Seu rosto sobre você e lhe abençoe grandemente!

A Lição Tirada do Mar da Galiléia e do Mar Morto

Em Israel há duas grandes massas de água, conhecidas como “mares”; um é o Mar da Galiléia e o outro é o Mar Morto. O Mar da Galiléia recebe as suas águas do Rio Jordão, ao norte; ao sul, o Mar da Galiléia desagua as suas águas no Rio Jordão. O Mar Morto também recebe as suas águas do Rio Jordão (e do Mar da Galiléia), mas não há uma saída para as águas do Mar Morto, as águas chegam e … morrem.

O Mar da Galiléia é repleto de vida, de peixes e vegetação, enquanto que o Mar Morto é desprovido de qualquer tipo de vida. Aqui temos um grande ensinamento … o Mar da Galiléia está sempre dando o que recebe, sempre nesse movimento, enquanto que o Mar Morto apenas recebe, nunca dá.

Portanto, a vida que é doadora, que dá o que recebe, é uma vida que sempre abençoa aos outros, como no Mar da Galiléia, cujas águas são sempre frescas, sempre cheias de vida; porém, a vida que apenas recebe, mas que não dá, não doa, é uma vida que se torna morta e estéril, como no Mar Morto … e, curiosamente, ambos os “mares” recebem as águas da mesma fonte doadora.

Não é o que você possui na vida o que realmente importa, seja isso muito ou seja isso pouco … mas sim o que você faz com o que tem … com o que recebeu do Criador da vida, da única Fonte, o SENHOR.

Seja generoso, seja doador … pois está escrito …

… Mais bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20:35b)

A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado.” (Provérbios 11:25)

O generoso será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre.” (Provérbios 22:9)

A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda.” (Provérbios 11:24)

dai, e dar-se-vos-á;” (Lucas 6:38a)

A Segunda Barreira

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No Templo de Jerusalém haviam duas grandes barreiras que separavam Deus do homem. Uma consistia em uma enorme porta, chamada de Hekal, a porta do Lugar Santo, que separava o Lugar Santo no templo. A outra, mais profunda, era o colossal véu que separava o Lugar Santo do Santíssimo (o Santo dos Santos) e que apenas o sumo-sacerdote podia atravessar no Dia da Expiação (o Yom Kippur, יוֹם כִּיפּוּר‎).

Eram representações das barreiras que nos separavam, a cada um de nós, de Deus; o abismo entre o pecador e o santo. Mas está registrado no Novo Testamento (em Mateus 27:50,51) que, no momento da morte do Messias, o véu do Santo dos Santos foi dividido em dois.

O que significaria isso? Que a barreira entre o homem e Deus, no Santo dos Santos, foi removida. Mas ainda havia uma segunda barreira: a enorme porta do Lugar Santo. Não deveria essa barreira também ter sido aberta? Poderia ter ocorrido um segundo sinal, como sendo uma segunda testemunha? Sim, houve, e um muito poderoso …

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Isso está registrado em Tractate Yoma 39b ( você pode ver essa passagem aqui ), nos escritos dos Rabinos, o Talmud. Nesses escritos estão os incríveis relatos registrados pelos Rabinos de que, antes da destruição de Jerusalém, em 70 dC, coisas estranhas começaram a acontecer no Templo. A segunda barreira, a porta Hekal, começou a abrir sozinha, isso começou cerca de 40 anos antes da destruição do Templo, ou seja, por volta de 30 dC, à época da crucificação de Jesus. Sendo assim, os próprios Rabinos deram testemunho sobre a eliminação da segunda barreira que ocorreu com a morte do Messias, que separava Deus do homem … Deus de nós … desde então, o caminho para a Sua presença nos foi aberto.

Tal evento também aparece nos escritos do famoso historiador Josefo. Em seu livro “A Guerra dos Judeus” ( veja aqui ), há o relato da abertura sozinha, numa sexta à noite, da porta do pátio interior, que era de bronze e totalmente maciça, a qual precisava de vinte homens para a fechar a noite, e ainda com dificuldade, fixada por meio de barras de madeira cercadas de ferro e que tinha ferrolhos profundamente presos ao chão, o qual consistia numa pedra de um único bloco; tal evento surpreendeu a muitos a ponto de ser registrado em seu livro; esses eventos citados, entre outros, já serviam na época como um presságio do que viria a ocorrer poucos anos depois com a destruição do Templo, mas como o próprio Josefo declara, apenas os mais doutos (sábios) souberam interpretar corretamente os sinais que ocorriam.

Desde então, podemos ter intrepidez para entrar no Santo dos Santos, como está escrito …

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,” (Hebreus 10:19-21)

E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas;” (Mateus 27:50,51)

“… a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 6:18b-20)

A Simbologia da Cruz no Tabernáculo de Moisés

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Não apenas a disposição das Tribos ao redor do Tabernáculo de Moisés formavam uma enorme cruz para quem estivesse olhando de cima (vide imagem anterior), como também os utensílios do Tabernáculo estavam dispostos em formato de cruz ( e com os estandartes das tribos principais de cada grupamento como as faces de um Querubim ) …

* As tribos:

  • A Leste, sob a bandeira do Leão se posicionavam as tribos de Judá, Issacar e Zebulom (Números 2:3-9). Esse exército era formado por 186.400 indivíduos e representava o maior dos agrupamentos.
  • A Oeste do Tabernáculo, sob a bandeira do Boi estavam as tribos de Efraim, Manassés e Benjamim (Números 2:18-24). Este era o menor grupo das tribos, abrangendo 108.100 pessoas.
  • Ao Norte, as tribos de Dã, Aser e Naftali acampavam sob a bandeira da Águia (Números 2:25-31). O total de pessoas desse acampamento era de 157.000 indivíduos.
  • No lado oposto do acampamento encontramos as tribos de Rúben, Simeão e Gade, ao Sul do Tabernáculo, sob a bandeira do Homem (Números 2:10-16). A quantidade de indivíduos neste acampamento era quase igual ao número de pessoas do lado norte: 151.450.

É importante acrescentar que uma enciclopédia hebraica menciona que os quatro rostos da visão de Ezequiel correspondem aos quatro símbolos encontrados nas bandeiras sob os quais a nação de Israel acampava. Os quatro rostos representavam um leão, um boi, uma águia e um homem – veja Ezequiel 1 e Apocalipse 4:5.

O conceito da cruz precisa ser mantido para sermos plenamente abençoados (Mateus 16:16-25; 1 Coríntios 2:1,2; 1 Coríntios 14:40 e Colossenses 2:5). Não admira as palavras de Paulo: “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6:14).

 

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* Os utensílios:

Uma confirmação adicional do conceito da “cruz” pode ser vista na disposição e na distribuição divina dos utensílios do Tabernáculo. Deus deu instruções precisas de como posicionar os objetos, e vemos nessa disposição a ordem divina.

A arca da aliança estava posicionada no “Lugar Santíssimo”. As varas de madeira ficavam nas laterais da arca (Êxodo 25:13,14).

Os querubins ficavam nas extremidades da tampa (Êxodo 25:18).

O propiciatório ficava voltado para o leste (Levítico 16:14).

As varas foram colocadas nas argolas laterais da arca (portanto a arca foi colocada com as varas na direção norte e sul).

O altar do incenso foi colocado na seguinte posição:

  • Em frente do véu (Êxodo 30:6)
  • Diante da arca (Êxodo 40:5)
  • Diante do Propiciatório – tampa (Êxodo 30:6). Isto colocaria o altar do incenso alinhado com a arca da aliança, ou com o “coração” do Tabernáculo, no Lugar Santo.

A mesa dos pães da Presença foi colocada no lado norte do Tabernáculo (Êxodo 40:22).

O candelabro de ouro foi colocado no lado sul do Tabernáculo (Êxodo 40:24), mais especificamente em frente da mesa. Ambos se localizavam no Lugar Santo. A mesa e o candelabro estavam um em frente do outro (Êxodo 26:35).

Saindo para o pátio externo encontramos o altar de bronze (ou altar dos holocaustos) bem em frente à porta (Êxodo 40:6,29), isto é, “na entrada”, simbolizando o início da aproximação do homem na presença de Deus. A pia de bronze também estava colocada no pátio externo, “entre” a tenda do Tabernáculo e o altar de bronze (Êxodo 40:7), estando assim, alinhada com o altar de bronze.

Embora as Escrituras não declarem expressamente a posição de cada utensílio, é possível perceber que se traçarmos uma linha reta entre a arca da aliança, o altar de incenso, a pia de bronze e o altar de bronze, e outra linha reta entre o candelabro de ouro e a mesa dos pães, teremos uma cruz. Assim, as evidências indicam que os utensílios foram dispostos em forma de cruz (vide imagem anterior).

 

* adaptado de Kevin Conner

O Poder da Língua

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A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.” (Provérbios 18:21)

Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente;” (1 Pedro 3:10)

Quando o autor de hebreus comenta sobre a paz e a santificação, sem a qual ninguém verá ao Senhor (Hebreus 12:14), é impossível dissociar o texto ao “poder da língua”, pois o texto implica que a santificação envolve diretamente a habilidade da fala, afinal “a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34b). A língua expressa o estado e a natureza da alma, e seremos chamados a prestar contas de nossas palavras, delas dependem a vida e a morte, conforme está escrito: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.” (Mateus 12:36,37).

Em 1 Pedro 2:22,23; o texto mostra que Jesus, mesmo ao ser vilipendiado por homens ímpios e desvairados, não devolveu os seus insultos verbais, e nem saiu qualquer ludíbrio de seus lábios; não era ele uma pessoa dúplice, pronta a dizer tolices; antes, sempre se mostrou honesto em todas as suas ações e em todas as suas palavras.

Tiago, em seu livro, alude que o homem perfeito, aquele que possui perfeição moral, é o que controla a sua língua e Tiago dá sérias advertências sobre o “poder da língua”, como descrito abaixo:

Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo. … Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. … a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?” (Tiago 3:2,6,8-11)

Tiago enfatiza que a língua é um membro bem pequeno do corpo, mas difícil de controlar, e quem a controla é também capaz de controlar todo o seu corpo. O texto reitera que todos cometem equívocos dos tipos mais diversos; talvez o erro  mais comum seja o da língua. É fácil dizer palavras apressadas e assim acabar ofendendo e magoando alguém de forma indevida e injusta.

O homem é como um navio batido pelas ondas e pelos ventos e que, apesar das intempéries, pode ser controlado por um pequeno leme para se manter no curso correto, mesmo em meio às mais difíceis tempestades, e Tiago usa a mesma imagem para a língua, comparando-a ao pequeno leme que controla o navio. Uma língua descontrolada é como um navio sem leme, e o fim dele poderá ser em meio aos recifes, num naufrágio … é também como uma labareda de fogo sobre galhos secos que podem, pelo seu descontrole, dizimar uma floresta inteira pelas chamas. É por isso que Tiago reitera a importância de que se controle a língua, para que ela seja fonte de benção, e não de maldição.

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As pessoas em geral, desprezam o poder e a consequência das suas próprias palavras. Não custa lembrar que, todo o universo que conhecemos, foi criado pelo poder da palavra (vide Salmo 33:9) … assim também o é em sua vida, muito do que você vive hoje é resultado simples e direto de suas próprias palavras, mas infelizmente muitos se esquecem dessa verdade. É bom você observar e meditar em tudo isso antes de decidir proferir mais palavras de maldição novamente (sejam elas faladas ou escritas), sejam elas para si próprio ou para os outros … lembre de Mateus 12:36,37 que foi anteriormente referenciado. Não é por acaso que o primeiro pecado ocorreu por intermédio da boca, quando Adão e Eva experimentaram do fruto, e assim continuaram pelas palavras que ambos proferiram diante do SENHOR quando inquiridos por Ele, é muito provável que teriam alcançado um resultado diferente se tivessem escolhido melhor as palavras naquela situação, pois o SENHOR é bom e a sua bondade dura para sempre, mas a resposta do SENHOR é, muitas vezes, um reflexo e resposta ao teor das palavras que proferimos. Davi entendia disso muito bem …

Quem, SENHOR, habitará no Teu tabernáculo? Quem há de morar no Teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho;” (Salmo 15:1-3)

Na boca de um verdadeiro adorador, não cabem palavras de iniquidade, de maldição e de morte, que geram intrigas e ódio entre irmãos; portanto, controle o poder de sua língua e …

Refreie a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente. Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por alcançá-la.” (Salmo 34:13,14)

A boca do justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo.” (Salmo 37:30)

A minha língua celebre a Tua lei, pois todos os Teus mandamentos são justiça.” (Salmo 119:172)

Graça e Lei, Uma Reflexão …

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Ultimamente eu tenho ouvido alguns comentando que, pelo fato de estarmos sob a égide da graça, então já não há mais uma lei, como se o Reino de Deus fosse agora regido pela anarquia legal. Esse tipo de pensamento em si é errôneo já na sua fonte, visto que a nova aliança, registrada em Jeremias 31:31-33 (cumprida em Cristo, vide Mateus 26:26-28), já enfatiza que a lei sai das “tábuas (coração) de pedra” para a mente e o coração, como também enfatizam Ezequiel 36:26,27 e 11:19,20 (recomendo que leia também o versículo 21 do capítulo 11, considero muito pertinente). A graça, por meio de Cristo e em Cristo, nos alcança algo que debaixo da lei mosaica jamais conseguiríamos alcançar, mas ela não anula a existência de uma lei, de princípios e mandamentos que devem ser obedecidos.

Em certo sentido a lei teve uma “evolução”, um “upgrade” ao sair das tábuas (coração) de pedra e ir para a mente e o coração (de carne) … algo que Paulo em certo momento declara como “Lei de Cristo” … como exemplo disso, veja que Paulo nesse trecho abaixo, claramente declara que jamais fica “sem lei” para com Deus …

Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, NÃO ESTANDO SEM LEI PARA COM DEUS, MAS DEBAIXO DA LEI DE CRISTO, para ganhar os que vivem fora do regime da lei.” (1 Coríntios 9:20,21)

Em Hebreus, o autor deixa claro a mudança de lei necessária quando houve a mudança de sacerdócio, implicando na existência de uma lei mesmo debaixo da graça.

Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.” (Hebreus 7:11,12)

Para quem acha que a “Lei de Cristo”, como citado por Paulo, é mais “branda” em alguns pontos do que a mosaica, recomendo a leitura de Mateus 5:17-48, observando o fechamento imperativo da última sentença: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5:48).

Recomendo adicionalmente também a leitura completa de João 15, com ênfase para o mandamento dado pelo próprio Senhor, DUAS vezes nesse trecho:

O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” (João 15:12)

Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.” (João 15:17)

Recomendo igualmente que se medite no que Paulo assim escreveu sobre o assunto e que se harmoniza com João 15:

A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Romanos 13:8-10)

Que o SENHOR lhe abençoe!

A Sabedoria do Alto

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A sabedoria, porém, lá do Alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.” (Tiago 3:17)

Como ressalta Tiago neste versículo, a sabedoria do Alto, aquela cuja fonte é o SENHOR, possui características próprias e muito distintas da carnal “sabedoria” humana. Observando o texto podemos destacar como ela se manifesta:

 

Pura

Isto é, “não contaminada”, sem qualquer defeito moral, sem motivos ulteriores, livre do “espírito faccioso”, livre de ambição humana, de autoglorificação. Não é algo meio bom, meio mau; porquanto isso não poderia mesmo descrever a verdadeira sabedoria.

Trata-se de uma expressão pura, do íntimo; não têm falhas ocultas. Essa é a sua qualidade primária; e dessa qualidade se originam todas as outras, conforme se vê na lista em sequência. Tal sabedoria é isenta das corrupções humanas, que fazem parte da sabedoria mundana; não conduz a qualquer facção (divisão) e nem à exaltação de um homem sobre outro; não contempla maldade moral, mas seu intuito constante é a prática do bem. É inocente de quaisquer motivos dúbios, e seu intuito é glorificar unicamente a Deus.

 

Pacífica

A sabedoria não é “contenciosa”, nem “facciosa” e nem “beligerante”. Não busca os seus próprios interesses, às expensas de outrem, conforme faz a carnal sabedoria humana. Pelo contrário, confere a paz; alimenta-se da harmonia. Em Provérbios 3:17 diz acerca da sabedoria: “Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as suas veredas, paz.”. Bem-aventurados são os pacificadores, porquanto serão chamados Filhos de Deus, conforme está escrito em Mateus 5:9.

 

Indulgente

No grego o termo é “επιεικης” (epieikes) que significa: razoável, cheio de consideração, moderado, apropriado, suave, equitativo, gentil … qualidades essas que homens facciosos e por demais ambiciosos não possuem. Antes, a sabedoria do homem espiritual é tratável, moderada, sem temperamento radical.

 

Tratável

No grego o termo é “ευπειθης” (eupeithes) que significa: disposto a ceder, complacente, o contrário de “obstinado”, que normalmente é o caráter dos homens por demais ambiciosos, que se tornam ditadores na igreja. Essa sabedoria é “aberta à razão”. Pode ver o ponto de vista  alheio, mudando suas próprias opiniões.

 

Plena de Misericórdia

Os homens por demais ambiciosos tendem para a crueldade e para o mau temperamento. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior. Notemos que o homem verdadeiramente sábio será “pleno” de misericórdia, tal como Deus. Através de Sua misericórdia nos é permitido continuar em nosso caminho, na direção de Deus e da verdade, apesar de nossas muitas quedas e erros.

O homem sábio segundo o mundo, entretanto, não demonstrará misericórdia com ninguém, e procura fazer nome para si mesmo, de modo brutal. Tal homem considera as pessoas como meros objetos a serem usados para sua própria satisfação e exaltação. Não tem espírito de amor e nem senso altruísta genuíno; é alguém completamente egocêntrico, e acredita que deveria ser o centro da vida de outras pessoas, igualmente. Fez de si mesmo um “deus”, e destronizou Deus, até onde diz respeito à sua própria pessoa. Tornou-se um ateu prático, a despeito das crenças que professe.  O indivíduo dotado de sabedoria falsa, outrossim, tem a boca cheia de maldição e amargura … arrogante …, mas o homem verdadeiramente sábio é cheio de misericórdia e aplica o princípio do amor cristão em sua vida diária, já o homem falsamente sábio nada dá, antes recolhe tudo quanto pode obter.

Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago 1:26-27)

 

De Bons Frutos

A sabedoria tem o caráter da misericórdia, cultivando o fruto do Espírito …

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22-23)

Sendo assim, a sua vida é repleta de piedade, sendo transformada para receber a imagem moral de Cristo que é o supremo possuidor dessas qualidades. Neste caso, os “bons frutos” indicam as “boas obras”.

E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.” (Filipenses 1:9-11)

Os feitos de bondade e de misericórdia mui provavelmente estão em foco neste caso mencionado em Tiago 3:17.

 

Imparcial

Este adjetivo no grego é “αδιακριτος” (adiakritos) que significa literalmente “não-dividido em julgamento”, sem variação, sem ambiguidade. Provavelmente isso alude à situação dos versículos nono e décimo do capítulo 3 de Tiago, onde vemos os homens sem sabedoria a abençoarem a Deus e a amaldiçoarem aos homens. Essa palavra também pode subentender que o homem verdadeiramente sábio é livre de “incertezas” espirituais; e, nesse caso, a questão da “mente dúplice” (ânimo dobre), está em foco, tal como em Tiago 1:6-8.

Peça-a [a sabedoria], porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.” (Tiago 1:6-8)

O homem verdadeiramente sábio já se desfez da mente dúplice (ânimo dobre), entre as coisas terrenas e celestiais; vive exclusivamente com o seu foco para a dimensão eterna; e também pode julgar com imparcialidade, tratando dos homens com justiça e com honestidade.

 

Sem Fingimento

O homem verdadeiramente sábio não precisa ser “insincero”, e nem hipócrita, porquanto nada tem a ocultar, e não busca suas próprias vantagens. O vocábulo aqui usado é, especificamente, “sem hipocrisia”. Tal homem não precisa viver como um ator, desempenhando um papel falso, antes, vive na sinceridade. A sabedoria não opera por detrás de uma máscara, “supostamente para o bem dos outros”, como atuaram muitos líderes e mestres de outrora que foram exageradamente ambiciosos nas igrejas.

Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que pérolas, e tudo o que podes desejar não é comparável a ela. O alongar-se da vida está na sua mão direita, na sua esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as suas veredas, paz. É árvore de vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm.” (Provérbios 3:13-18)