Meu Comentário: Para uma compreensão mais abrangente de alguns termos utilizados no artigo e os fatos a ele relacionados, recomendo a leitura prévia, caso não a tenha feito, do artigo Dabiq: O Estado Islâmico quer a batalha do Fim dos Tempos, aqui.
por Timothy R. Furnish,
Nos os EUA, amanhã (27/11/2014), vamos celebrar o Dia de Ação de Graças – alguns o consideram um feriado secular, mas uma maioria o consideram como um feriado quase-religioso que comemora os protestantes ingleses do século 17, que fugiram da Europa para o Novo Mundo, a fim de estabelecerem a sua versão de uma comunidade cristã. Depois de ler a quinta edição da “Dabiq”, a revista do Estado Islâmico (veja aqui), estou convencido de que o panteão de graças deve ser alargado aos líderes políticos e militares famosos que ajudaram a civilização cristã a afastar a conquista islâmica – tais como Constantino IV, Charles Martel, Don João da Áustria e o príncipe Eugene de Savoy. Graças a Deus, e a estes homens, que a lei islâmica nunca chegou a governar a Europa e, por extensão, a América.
![]() |
Expandindo, esperam eles, rumo ao Sul até a cidade de Meca e sua Caaba! |
Não se engane, o Estado Islâmico (anteriormente conhecido como ISIS ou ISIL), apesar dos protestos de seus apologistas, é profundamente muçulmano: a última edição da “Dabiq” cita 22 passagens do Alcorão, 31 Hadiths (as supostas palavras de Maomé), e uma legião de citações e comentários de outros estudiosos islâmicos, vivos e mortos. (Veja análises anteriores de “Dabiq”, edições 1 a 4, no site do autor, aqui). Mesmo tendo em conta a capacidade de Satanás para citar as “escrituras”, é ignorância negar a base ideológica do Estado Islâmico.
Aqui, o Estado Islâmico segue o padrão de cada publicação anterior: a explicação de uma importante figura do Alcorão e sua aplicação aos tempos modernos; os relatos de sucesso (desenfreados, é claro!) contra seus inimigos no campo de batalha e na esfera política; uma análise perspicaz do Ocidente, em especial dos Estados Unidos, os formuladores de políticas e as posições da mídia; e, puxando conjuntamente todos esses, uma narrativa escatológica que visa persuadir os muçulmanos a pegarem a estrada para Dabiq, onde a “coalizão da cruz” ou os “exércitos dos cruzados”, vão queimar na derrota.
Desta vez, a personalidade apresentada é a de João Batista, chamado “Yahya” na versão confusa do Alcorão (que funde dados separados do Antigo e do Novo Testamento, tais como o fato de identificar o pai de João). A versão islâmica é que João “foi enviado para os filhos rebeldes de Israel para guiá-los de volta para Alá” – após passar vergonha por Jesus (Isa) pelo seu atraso em fazê-lo – e que acabou morto, e assim, ele foi martirizado. “Dabiq:” “a seriedade e atenção dada aos mandamentos de Alá e da necessidade de cumpri-los, bem como o sentido de urgência e a pressa em cumpri-los, é uma forma de se energizar que pode empurrar um muçulmano para além da hesitação e levá-lo a realizar as tarefas mais difíceis no caminho de Alá”.
![]() |
João, o “Batista / Mensageiro”, parece estar segurando a sua cabeça. É irônico que o Estado Islâmico o elogie como um grande profeta, ainda assim executa tantos da mesma forma como João foi morto por Herodes. |
Continuando, “Dabiq” trompeteia (alegadas) vitórias sobre as forças curdas, fazendo propagandas zombeteiras, tal como “a única coisa que o kuffar [cristãos americanos] provavelmente achará mais impressionante e desconcertante do que a incompetência do PKK, é a decisão de Obama de continuar contando com a incompetência do PKK”.
A publicação também apresenta o seu plano para começar a cunhar as suas próprias moedas e os muitos juramentos de fidelidade feitos ao Califa al-Baghdadi por grupos na Arábia Saudita, Iêmen, Sinai, Líbia e Argélia, como prova de que não é apenas um “remanescente se aguentando”, mas que está “em expansão” como um Estado. Com a ajuda dessas novas tropas leais, o Estado Islâmico chegará à Indonésia, China, Espanha e Roma.
“Especialistas em cruzadas” da RAND [?sic?] são apresentados e citados para darem o efeito de que se está ganhando. E uma longa seção, supostamente escrita por um refém britânico, John Cantlie, zomba não apenas dos especialistas ocidentais, mas do “Robô-Obama” que comete “os mesmos erros, de novo e de novo”, e que é impotente para impedir os ataques jihadistas, pró-Estado Islâmico, em seu próprio país e que deveria ficar jogando golfe. O Estado Islâmico se regozija sobre os ataques na Austrália, no Quebec e em Nova York, alegando que “todos estes ataques foram o resultado direto da chamada [do xeique al-Baghdadi] para a ação …”.
A revista “Dabiq” em sua edição 5, termina com um Hadith de Abu Dawud sobre o Mahdi: “Mesmo que restasse apenas um dia no dunya [mundo], Alá iria alongar esse dia para enviar adiante dele um homem da minha família cujo nome corresponde ao meu nome [Maomé] e o nome de cujo pai corresponde ao nome do meu pai [Abdullah]. Ele vai encher a Terra com justiça e equidade, pois estava cheio de opressão e tirania”.
Observação:
Há pouca novidade que seja digna de nota nesta última revista do Estado Islâmico, exceto por duas coisas:
1) O fervor escatológico construído, demonstrado pela exegese de Yahya/João e que faz referência final ao Mahdi. Tenho sido perguntado em entrevistas de rádio se al-Baghdadi ou os seus seguidores o consideram o Mahdi. Com base nesta última edição da revista, eu acho mais provável que ele vê a si mesmo como quem prepara o caminho para o Mahdi – similar ao papel de Yahya/João para o Isa/Jesus; um líder que, assim como o Yahya do Alcorão, segue “o legado dos Profetas … um legado de … confronto entre os Profetas e os infiéis [que] continuou a crescer até atingir, quer seja um ponto de batalha física, ou um ponto de aniquilação pelo ataque como o castigo de Alá sobre os descrentes … “. O Califa al-Baghdadi, provavelmente espera que ele irá levar as forças muçulmanas para uma grande vitória militar contra as forças americanas (Cristãos/”Cruzados”) em Dabiq – depois que o Mahdi aparecer e assumir, tornando al-Baghdadi seu tenente leal. Até então, as decapitações, atrocidades e a limpeza Islâmica em todo o Estado Islâmico continuará em ritmo acelerado.
2) A Caaba, o espaço mais sagrado do Islã, localizado em Meca, na capa da revista em conjunto com a atenção gasta sobre seus notáveis adversários, os sauditas, ao longo dos anos é um meio claro de gritar “nós estamos indo até vocês, a família real saudita”. Talvez quando as Toyotas do Estado Islâmico virarem para o Sul, o “Robô-Obama” venha a mudar o tom sobre a inserção de tropas (“Cruzados”) na briga.
* Artigo traduzido por mim, link original do artigo aqui: Dabiq Issue 5: Prepare Ye the Way of the Mahdi