“Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lho permitiu. Então, foi José de Arimatéia e retirou o corpo de Jesus. E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro.” (João 19:38-40)
O que significam as cerca de 100 libras (75 libras ou cerca de 34 Kg nas medidas atuais) de um composto de mirra e aloés para o sepultamento de Jesus. Quanto isso significa em valores e importância?!
Em termos de seu valor financeiro, a compra da mirra e aloés é extraordinária. João 12:5 informa que 300 denários equivale ao salário de cerca de um ano de trabalho, e este é o custo de uma libra de unguento de nardo puro. Portanto, um denário é quase o equivalente a um dia de salário.
A questão especulativa que precisa ser feita é: quanto foi o valor financeiro de cem libras, ou no caso, das setenta e cinco libras em pesos modernos, o que equivale a cerca de 34 Kg, em especiarias usadas para preparar o corpo de Jesus? Um problema óbvio é que João não fornece informações específicas sobre a porcentagem das cem libras que eram de mirra e a porcentagem das cem libras que eram de aloés, nem há especificação da qualidade das especiarias utilizadas.
Especula-se que o presente de Nicodemos “talvez valesse 30 mil denários“. Esse montante de 30.000 denários também é fornecido por outros estudiosos historiadores, como Keener e Schnelle. O que daria cerca de 100 anos do salário de um trabalhador.
Nigel Groom, do Museu Britânico, escreveu o texto “Comércio, Incenso e Perfume” no livro “Rainha de Sabá: tesouros do antigo Iêmen”. Sua pesquisa baseada nos escritos de História Natural de Plínio tentou determinar o valor das especiarias no Mediterrâneo entre 40 e 70 d.C.; Plínio escreveu que, quando o incenso chegou finalmente a Roma a partir da Península Arábica do Sul, “os cidadãos romanos pagaram 6 denários por libra de incenso de alta qualidade, mais do que a maioria poderia ganhar em duas semanas [ duas semanas ou 14 dias ], enquanto que uma libra de mirra custava aos perfumistas entre 11 e 16 denários”.
Sendo assim, setenta e cinco quilos de especiarias vezes onze denários e dezesseis denários, respectivamente, criam uma faixa entre 825 e 1.200 denários. Assim sendo, com base em um denário ao dia citado por João, o valor estimado das especiarias é aproximadamente igual a dois anos e meio até quatro anos de salário de um trabalhador. Em contraste, o denário de Plínio é igual a quase dois dias de pagamento. Portanto, para Plínio, o valor estimado das especiarias teria sido de aproximadamente quase cinco até oito anos do salário de um trabalhador, assumindo que os aloés eram de valor equivalente.
Em importância é algo muito significativo quando comparado a quantidade de especiarias que foi usado no sepultamento de Gamaliel, que era o neto do distinguido erudito judeu Hillel. Em Atos 22:3, o texto nos informa que ele também era um contemporâneo de Jesus e que Saulo de Tarso teria estudado aos pés de Gamaliel.
Quando Gamaliel morreu, cerca de 86 libras (64 libras ou cerca de 29 Kg nas medidas atuais) de especiarias foram utilizados. Gamaliel era o presidente do Sinédrio e um dos estudiosos mais importantes de sua geração. Ele representou os judeus antes de Roma e morreu aproximadamente dezoito anos antes da destruição de Jerusalém (52 d.C.), ou cerca de vinte anos após a ressurreição registrada de Jesus. Além disso, cerca de oitenta libras de bálsamo foram queimados em sua honra.
Esses dados mostram o quão importante Jesus foi considerado no seu sepultamento por José de Arimatéia e por Nicodemos, homens ricos que providenciaram um sepulcro novo, linho fino e especiarias de alto preço para preparar o corpo de Jesus, cumprindo assim o que estava escrito …
“Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.” (Isaías 53:9)